Foto: Hyundai Motorsport |
T. Neuville venceu o Rally
da Alemanha a nona etapa do mundial de ralis, dando assim desta maneira a
primeira vitória de sempre na categoria à Hyundai, que prova pela primeira vez
o sabor da vitória, e logo neste primeiro ano com o modelo I20 WRC, depois de
estar ausente durante mais de 10 anos do mundial de ralis. Para Neuville foi
também a primeira vitória numa prova da categoria máxima da modalidade, motivo
pela qual ficará para sempre na história as estreias tanto da marca como do
piloto a vencer provas no mundial, que fez ainda a dobradinha com o segundo
lugar de Sordo. Histórica
dobradinha.
A verdade é que nem tudo foi fácil para o piloto belga, que
durante o shakedown na 5ª feira, teve uma saída de estrada bem aparatosa,
destruindo quase por completo o seu Hyundai, que muito trabalho deu a toda a
equipa de mecânicos da marca, que tiveram de praticamente reconstruir o carro
durante a o resto do dia e noite a tempo de estar pronto no dia seguinte para o
arranque oficial da prova. Um feito notável da equipa, que estariam longe de
pensar que naquela noite estaria a construir “apenas” o carro vencedor da
prova.
Mas vamos por partes, e pelo início de um rally simplesmente
louco, e onde todas as apostas, até dos mais audazes saíram ao lado,
simplesmente tudo foi inesperado até final.
Foto: Volkswagen Motorsport |
A prova começou da maneira que se esperava, com Ogier ao ataque num tipo de terreno que
lhe é bem favorável e onde o piloto francês se sente particularmente à vontade,
apesar de este senhor estar à-vontade em todo o tipo de terrenos, e com um
Latvala a rodar bem próximo do seu companheiro de equipa, ainda que a marcar
tempos mais lentos, mas sem perder demasiado tempo. Longe destes dois estava
praticamente toda a concorrência, pois mais ninguém tinha “unhas” para andar no
ritmo alucinante e completamente fora do alcance de qualquer outro piloto neste
tipo de piso.
Mas na última especial do primeiro dia o primeiro “volte
face” da prova, Ogier sai de estrada e deixa Latvala com o caminho livre para
rumar à vitória, e aproximar-se perigosamente da liderança do mundial de
pilotos, caso conseguisse levar de vencida a prova alemã, pois Ogier não teria
hipóteses de conseguir reentrar na luta pela mesma. Desta maneira Latvala
terminava o primeiro dia de prova isolado, deixando Meeke na 2ª posição mas já a 37´s, enquanto Sordo era 3º a 42´s.
Latvala era de longe o mais rápido de todos os pilotos a partir dai em diante,
e apenas teria de controlar a vantagem para sair da Alemanha com a sua desvantagem
no mundial reduzida a mais de metade.
Foto: M-Sport |
O segundo dia de prova trazia de novo Ogier para a estrada,
em “rally2”, mas a verdade é que este não era decididamente o rally do francês
e nova saída de estrada, desta vez com consequências bem mais graves. O Polo R
WRC era irrecuperável para o ultimo dia de prova, e o francês desta forma já
não poderia alinhar na “power satge” na tentativa de amealhar alguns pontos
extra de forma a minimizar as perdas para Latvala, que continuava de pedra e cal
na liderança do rally.
O segundo dia terminava com o Finlandês da Volkswagen na
frente, com 56´s de vantagem sobre Meeke, que depois do pódio na Finlândia
tentava de novo repetir a façanha, desta vez subindo mais um degrau do mesmo,
mas teria ainda se a ver com T. Neuville que com um grande segundo dia, passou
de 5º na geral para 3º, e pressionando já o piloto da Citroen na tentativa de
assaltar o lugar do britânico, no derradeiro dia de prova. Destaque para R. Kubica, que venceu 2 especiais, das
8 que compunha a etapa, apesar de seguir num modesto 10º na geral, fruto de uma
saída de estrada e consequente perda de tempo, ainda no decorrer da 1ª etapa.
As grandes desilusões desta vez eram mesmo M.
Hirvonen e M. Ostberg. O homem da Ford era 6º, e fortemente pressionado
pelo seu colega de equipa, o jovem E.
Evens, já M. Ostberg seguia num modesto 8º lugar, a quase dois minutos de
Latvala.
Foto: Citroen Racing |
Para o derradeiro dia de prova, o cardápio apresentava
apenas quatro especiais, que à partida seriam controladas por Latvala, em busca
da tão desejada vitória, e os motivos de interesse iriam prender-se mais na
discussão entre Meeke e Neuville pela segunda posição, enquanto Hirvonen, Evens
e Ostberg teria entre si a luta pela 6ª, 7ª e 8ª posição. Todos apostaram neste
esquema, e todos falharam redondamente, pois Latvala à passagem do Km 8 da
primeira especial do derradeiro dia, numa longa esquerda deixou o carro
escorregar para fora da estrada, ficando o Polo preso no meio das vinhas tão
famosas por aquelas bandas, numa zona de difícil acesso, e impossível de
retirar o carro. Terminava ali a aprova do finlandês, que pode ter deitado fora
a última carta que ainda dispunha para entrar na luta pelo titulo mundial.
Desilusão estampada no rosto de Latvala. Kubica ficava também pelo caminho, mas
desta vez sem acidentes, problemas na caixa de velocidades do seu Fiesta RS WRC
ditaram o abandono do piloto polaco.
Desta forma era Meeke que assumia a liderança do rally,
podendo desta forma oferecer à Citroen a primeira vitória da temporada, e para
si a primeira no WRC. Mas também não aconteceu. Na etapa seguinte foi a vez de
Meeke abandonar. Numa curva à direita, o britânico não evitou um toque com a
traseira do Ds3 WRC num muro, danificando de forma irremediável a suspensão do
seu carro, e deitava tudo a perder, tudo o que lhe tinha sido “oferecido” por
Latvala, a duas especiais do fim da prova.
Com isso foi Neuville que assumiu a liderança da prova que
não mais a largaria até final, dando a primeira vitória à marca coreana, e
vencendo também ele pela primeira vez uma prova do WRC. Num fim-de-semana
fantástico para a Hyundai, D. Sordo foi 2º no rally, numa dobradinha histórica,
numa prova verdadeiramente de loucos, e onde Latvala praticamente deitou por
terra a hipótese que tinha de reentrar
de novo na discussão com Ogier pelo título, pelo que os mesmos pontos que os
separavam ate a entrada daquele rally, são os mesmos com que saem do mesmos,
44, mas ficamos com menos uma prova a disputar restam apenas quatro até final
da temporada.
Foto; Hyundai Motorsport |
A. Mikkelsen foi quem salvou as honras da marca alemã a
correr em casa, finalizando na 3ª posição sem em todo o caso ter apanhado um
valente susto, excatamente na mesma curva onde Latvala saiu de estrada, o jovem
norueguês fez um pião perdendo algum tempo, mas evitando males maiores,
salvando este pódio para a Volkswagen.
A última especial atribuía pontos extra, a “power satge”
trouxe uma novidade, com E. Evens a ser o mais rápido amealhando 3 pontos para
o campeonato e carimbando um excelente 4º lugar a escassos 5´s do pódio. T.
Neuville foi ainda a tempo de fazer 2º na derradeira especial e e M. Hirvonen foi
3º somando mais um ponto.
Análises aos pilotos:
Ogier: Um rally simplesmente para esquecer do
francês, que afinal também tem azares e desta vez logo em dose dupla. Liderava
quando saiu de estrada, regressou no segundo dia de prova e voltou a ter uma
saída desta vez mais violenta, e acabou mesmo ali a sua prova. Acabou por
respirar de alívio quando Latvala decidiu “ser seu amigo” e também abandonar no
derradeiro dia de prova. Ogier podia sair da Alemanha fortemente pressionado na
luta pelo título, esteve bem perto disso mesmo, mas no final de contas acaba
por ter praticamente o título mão, com a mesma diferença pontual para Latvala a
manter-se, mas agora com menos uma prova para disputar. Faltam 4 provas para
dobradinha de Ogier? À partida sim, mas depois deste rally já não fazemos mais
apostas.
Foto: Volkswagen Motorsport |
Latvala: É inqualificável o que o piloto
finlandês fez, com a vitória na mão depois de um rally sossegado, sem percalços
e com os adversários bem longe de si, podendo fazer uma gestão tranquila no
derradeiro dia de prova que continha apenas 4 especiais, Latvala não chegou ao
final da primeira tão pouco. Um piloto que não sabe gerir uma vantagem de 1
minuto num dia tão curto como era este último dia da Alemanha, nunca e jamais
em circunstância alguma pode ser campeão seja daquilo que for, mais ainda numa
situação que de singular não tem nada. Latvala apenas se pode queixar de si
próprio, deitou fora provavelmente a última oportunidade de chegar ao título,
batendo Ogier. Assim tem 4 provas para retirar 44 pontos ao francês. Como já
dissemos, não fazemos apostas, mas a tarefa não é nada fácil, é que Ogier não
dá estas “borlas” muitas vezes.
Mikkelsen: O piloto da Volkswagen não fez uma
prova tão exuberante como as que já vimos fazer esta temporada, ainda assim
salva-se por um pódio que acaba por ter tanto de saboroso como inesperado, pois
só depois dos abandonos dos líderes, Latvala e depois Meeke é que o piloto
norueguês agarrou o último lugar do pódio, salvando as honras da equipa
germânica, que a correr em casa decididamente não acerta o paço, e pelo segundo
ano consecutivo vê a vitória a escapar-se. Ainda assim Mikkelsen não se livrou
de um valente susto, na mesma curva onde o seu colega de equipa saiu de
estrada, fez um valente pião que por muito pouco não fazia o seu Polo R WRC
fosse fazer “companhia” ao de Latvala. Com o tempo perdido ainda viu Evens
aproximar-se do seu lugar, ainda que sem sucesso. Acaba por sair com nota
positiva, pelo pódio conseguido, mantem também a 3ª posição no campeonato.
Foto: Citroen Racing |
Ostberg: Já se sabia que este não era o terreno
favorito para o piloto da Citroen, que fez uma prova tão discreta que quase nem
apareceu nos nossos resumos. É certo que não bateu, mas também não fez nada de
especial, andado grande parte da prova num modesto 8º lugar, numa luta com
Hirvonen e Evens, pela 6ª posição, que Ostberg sempre levou a pior, acaba por
subir mais dois lugares pelos abandonos já tão badalados. Claramente numa fase
menos boa da temporada, com apenas 8 pontos nos últimos 3 ralis, mantem a 4ª
posição no mundial mas agora fortemente pressionado por Neuville e Hirvonen.
Vem aí a Austrália, talvez em boa altura para Ostberg, veremos.
Foto: Hyundai Motorsport |
Neuville: Que grande vitória do piloto Belga, e
de toda a equipa da Hyundai! Estar no sítio certo na hora exacta por vezes tem
destas coisas e a Neuville valeu-lhe a primeira vitória no WRC e à Hyundai um
histórico momento, muito celebrado por toda a gente da estrutura coreana. O
rally que nem tinha começado bem com a saída de estrada no Shakedown, e com o
I20 WRC praticamente destruído, transformou-se numa vitória inesquecível.
Neuville sobe desta forma a 5º no mundial de ralis, mostrando toda a evolução
que este projecto tem tido ao longo da temporada.
Mas nem só dos azares alheios viveu T. Neuville, fazendo um
rally consistente marcando bons tempos no segundo dia de prova, mostrando que
podermos contar com a Hyundai no futuro, saindo muito moralizados da Alemanha.
Nota máxima, e sejam bem-vindos às listas dos vencedores. Parabéns!
Hirvonen: Mais do mesmo, e acabamos por não
saber muito bem o que dizer de Mikko Hirvonen, a falta de ritmo e de
confiança é tão evidente, que desta vez até o seu colega de equipa E. Evens
ficou á sua frente. Acaba num 5º que acaba por ser um mal menor, para um piloto
que passa por momento complicado na sua carreira.
Foto: M-Sport |
Evens: Boa prova do jovem piloto da Ford,
ficando a escassos 5´s do lugar mais baixo do pódio. Finalmente Evens começa a
mostrar alguma evolução, fez uma boa prova, sem erros e com uma grande última
especial, vencendo mesmo a “power stage” de forma espectacular. Sai um Evens
mais crescido, mais motivado para encarar o que falta da temporada de forma
positiva, pois existe ainda um lugar em 2015 para garantir. Jovem de muita
qualidade.
Meeke: Fez tudo bem feito até a ante penúltima
especial da prova. É claramente dos melhores pilotos no WRC, mas a sua falta de
consistência, e alguma inconsciência na gestão de uma prova coloca Meeke apenas
num modesto 8º lugar no mundial de pilotos. Andou em 2º em quase toda a prova,
atrás de Latvala, e tinha tudo para vencer o seu primeiro rally no WRC, após o
abandono do mesmo, mas cedeu à pressão imposta por T. Neuville e também
abandonou. Uma pena, pois era um resultado justo par um piloto de muita
qualidade, mas que continua a falhar nos momentos de decisão. Venha a Austrália
Kris.
Sordo: Foi um bom regresso do piloto espanhol ao
WRC pelas cores da Hyundai, num piso que lhe é todo favorável. Numa prova de
boas memórias para Sordo que venceu ali na temporada passada, naquela que foi a
sua primeira e única vitória na categoria máxima dos ralis. Desta vez foi
segundo, atrás do seu colega de equipa Neuville, e contribuiu para a histórica
dobradinha da marca coreana. Numa boa prova do Espanhol, que chegou a rodar na
frente do seu companheiro de equipa, mas um ligeira saída de estrada fê-lo
perder cerca de 20´s que nunca mais conseguiu retirar, preferindo não correr
riscos, levando o seu Hyundai ao segundo lugar, e marcar os primeiros pontos
para si no campeonato. Sordo merecia uma temporada completa no WRC, ninguém
neste momento tem a sua experiencia no mundial, é “só” o único piloto a ter já
competido com todos os World Rally Cars que existem de momento. Mais uma nota
bem positiva.
Foto : M-Sprot |
Kubica: Desta vez não vamos “desancar” em,
Kubica, vamos dar apenas conta que o piloto polaco tentou por tudo levar a água
ao seu moinho mas desta vez foi um problema mecânico que evitou que o homem da
Ford não chegasse ao fim da prova quando seguia na 12ª posição. Mas a notícia
foi mesmo os dois melhores tempos nas especiais 7 e 12, que Kubica venceu. Fica
os registos de um piloto que o azar não para se perseguir.
WRC2
No WRC2 houve emoção ate final, com a última especial da
prova a ditar P. Tidemand como
vencedor da categoria numa luta até ao último metro com O. Tanak que até entrou na derradeira especial na frente, mas não
resistiu ao ataque final do piloto sueco, que venceu assim por escassos 1,8´s.
O piloto da casa A. Kremer completou
o pódio na classe WRC2.
Fica aqui uma palavra para a nossa dupla portuguesa B. Sousa e H. Magalhães que
fizeram um grande 1º dia de prova, chegando na liderança no final do mesmo, com
um bom ritmo, rodando de forma consistente, e batendo-se com pilotos de outra
experiência no mundial de igual para igual, como é o caso de O. Tanak, que B.
Sousa bateu de forma sistemática nos tempos. No segundo dia de prova, tudo
correu mal á dupla português, que furou logo a abrir o dia, e depois um saída
de estrada ditou o abandono, por opção, pois o seu Fiesta RRC era recuperável
para o último dia de prova, mas a equipa preferiu não alinhar e começar já a
preparar a próxima prova onde marcaram presença, rally de França.
Fica em todo o caso o registo de um piloto com muito
potencial, que pode e tem capacidades para outros voos, assim tenha condições
de continuar o seu projecto, da nossa parte fica os votos de boa sorte e de
muito sucesso a esta grande dupla portuguesa, Força Bernardo e Hugo.
O mundial despede-se temporariamente da europa, viaja até á
Austrália numa das provas mais espectaculares de toda a temporada, conhecida
pelos seus grandes saltos, troços rápidos e a terra vermelha. Será assim entre
os dias 11 e 14 de Setembro, na terra dos Cangurus, e nos estaremos por cá para
lhe dar conta de todas as incidências da 10ª prova do mundial de Ralis.
Acompanhe todas as notícias sobre o mundo dos desportos
motorizados no nosso blog e na nossa página de facebook chicane desportos
motorizados. Agora podem também ler a nossa revista digital no link http://www.joomag.com/magazine/chicane-desportos-motorizados-vol1-julho-de-2014/0220862001406752404?short com
resumos de várias vertentes dos desportos motorizados.
Ficam as dicas, e ficam as despedias, até á Austrália…if in
doubt flat out.
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Carlos Mota
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