O nome McLaren faz lembrar o grande Bruce McLaren, que criou
a sua própria equipa e que morrendo ao volante de um dos seus carros, deixou um
legado que permaneceria durante 50 e que provavelmente perdurará ainda mais
tempo. Mas há outra figura incontornável da história da Mclaren e que assume
uma importância quase tão grande como a do próprio McLaren. Falamos de Ron
Dennis. Uma das figuras mais carismáticas do paddock e que desde o inicio
dos anos 80 começou a escrever a sua
história.
A sua entrada na F1 é anterior aos anos 80. Em 1966, com 18
anos era mecânico da Cooper, onde trabalhou com Jochen Rindt, que o levou para
a Brabham. Quando Rindt se mudou para a Lotus, Ron resolveu ficar para
trabalhar de perto com Jack Brabham.
Daí até criar a sua própria equipa foi um pequeno passo. Em
1971 criou a Rondel Racing que competiu com sucesso na F2. Tentou, sem sucesso,
subir à F1 devido à crise energética que afectou o mundo naquela altura e que o
impediu de cumprir o seu objectivo. Criou a Project 3 e depois a Project 4,
ambas com muito sucesso na F2 e F3. Mas foi com a Project 4 que entrou na F1.
Com o apoio da Phillip Morris (Marlboro),
que também patrocinava a McLaren, a Project 4 assumiu o controlo da McLaren,
com Ron Dennis como chefe, com 34 anos. A McLaren atravessava um mau momento e
tudo se proporcionou para que a entrada de Dennis lhe permitisse ter o controlo
da equipa para assim colocar em prática as suas ideias.
Em 4 anos transformou completamente a Mclaren, que passou de
uma equipa com resultados medianos para uma equipa forte que constantemente
lutava pelo título. A visão e o engenho de Dennis permitiu que se rodeasse das
pessoas certas encontrando investidores, fornecedores de motores e contando com
o génio de John Barnard, para criar um chassis inovador feito de fibra de
carbono, uma novidade na F1.
O primeiro título surgiu em 1984 com Niki Lauda a vencer por
meio ponto o campeonato, com Prost a ficar em 2º. Nessa época os McLaren não
eram os mais rápidos mas eram sem dúvida os mais fiáveis. Seguiu-se o mais um
campeonato em 85, 2º lugar em 86 e 87 e 4 campeonatos seguidos de 87 a 91, com
a dupla Senna/Porst a escrever uma das páginas mais marcantes da F1 com Dennis
como director da equipa.
Seguiu-se mais dois títulos com Hakkinen, sendo que em
apenas um deles a McLaren venceu o campeonato de construtores, em 1998, sendo o
último campeonato ganho pela equipa. Hamilton ainda foi campeão em 2007 mas o
campeonato de construtores foi para a Ferrari.
Apesar de tanto tempo sem vencer um campeonato de
construtores a McLaren é uma das maiores equipas da F1, com maior orçamento,
com um centro de operações fantástico e com instalações de topo, provavelmente
as melhores da F1.
O responsável por tudo este desenvolvimento é sem dúvida Ron
Dennis. Sempre teve os melhores a trabalhar para si. Os grandes nomes da F1
passaram pela McLaren. Lauda, Prost, Rosberg, Senna, Hakkinen, Raikkonen, Alonso,
Hamilton. Uma lista de grandes nomes que mostra que Dennis quer sempre os
melhores. Ron lidou com o caracter forte de todos estes pilotos.
Além de ter desenvolvido a McLaren como equipa de F1 também
a fez crescer fora do grande circo. A McLaren é agora também construtora de
Supercarros, com os modelos MP12-4C e o P1 a serem um sucesso de vendas, embora
a aposta tenha sido arriscada e tenha demorado a dar o retorno pretendido.
Ron Dennis é um visionário, um homem com uma determinação
impressionante e que com agora 67 anos ainda quer voltar a fazer da McLaren a
grande dominadora. Um homem com horror trabalhos mal feitos, que vai ao mais
ínfimo pormenor para ter a certeza que no final o resultado é perfeito. Esta obsessão
pela perfeição valeu-lhe a fama de ser frio. Havia relatos de pessoas que tinham
receio de falar com ele quando as coisas corriam mal. A verdade é que nunca
ninguém venceu na F1 sem uma vontade férrea de vencer. Sem ele a McLaren seria
uma sombra do que é agora. Uma equipa que embora consecutivamente sem bons
resultados se mantém no topo da modalidade.
Ron Dennis é uma das figuras que mais admiramos aqui no
Chicane. A sua postura, a sua paixão pela F1, a forma quase implacável como
gere a equipa, a sua inteligência. Uma mistura de qualidades que fazem deste
senhor uma das personagens mais carismáticas da F1. O seu lugar na história
está garantido. Mas se conseguir voltar a colocar a McLaren no rumo das
vitórias o seu trabalho estará completo. Ron é mesmo o “Boss”.