A ida de T. Neuville para a Hyundai veio, decerto modo,
desbloquear o mercado de trocas no seio das equipas do WRC, tornando está silly
season uma das mais mexidas dos últimos anos, e sem dúvida que veio trazer
algumas surpresas.
Após esta mudança (para mim a primeira surpresa da
pré-época), Robert Kubica passou a ser o senhor que se seguia quanto a assumir
o papel de “personagem principal”, no alinhamento das equipas na próxima
temporada. O piloto Polaco, vem de uma temporada vitoriosa, onde se sagrou campeão
mundial de WRC2, demonstrando a sua versatilidade e qualidade, apesar das
evidentes limitações no seu braço direito, consequência do grave acidente de à dois
anos.
Kubica, que na última prova da época, à pouco mais de um
mês, se estreou ao volante de WRC, não teve uma prestação muito “famosa”, pois
capotou duas vezes em dois dias, ao volante de Ds3 WRC oficial, deixando no ar
que pode ainda não estar preparado para estas andanças. Mas nem isso removeu a
M-sport e a Citroen de o querem como piloto oficial para a próxima temporada,
pois a imagem do ex-piloto de F1 é muito forte dentro do mundo do desporto
motorizado, arrastando com ele muitos fãs, comunicação social e patrocinadores,
tudo uma questão de “marketing”. Malcolm Wilson levou a melhor, ao que parece,
pois a Citroen já fez saber o seu “line-Up” para a temporada de 2014, e Kubica
não faz parte dos planos, ou melhor, tem outros planos. A Ford de Malcolm
Wilson. Um piloto mesmo á imagem do “patrão” britânico.
A casa ficará assim arrumada:
A Volkswagen nada
muda na equipa, usando a velha máxima “na equipa que ganha não se mexe”. Ainda
assim podemos ter aqui um rival de peso a Ogier dentro dos quadros da equipa
alemã. Latvala, não quererá ser um eterno “segundo piloto” e quererá esta
temporada, algo mais ambicioso, e a luta pelo título não será uma miragem, se
este conseguir aliar toda a sua rapidez e qualidade, à consistência e
regularidade. Agora mais conhecedor do potencial do seu Polo WRC, o finlandês,
será sem dúvida um piloto a ter em conta na luta pelo título. A Volkswagen tem
o melhor carro e os melhores pilotos, sendo sem dúvida o alvo a abater.
Na Citroen foi a
limpeza total. Saiu toda a gente (com excepção de Al Qassimi, o turista mais
sortudo que conheço), e lavou a cara, escolhendo uma dupla, quanto a mim, muito
interessante. Chris Meeke e Mads Ostberg são os “cavalos” escolhidos por Yves
Matton. O Britânico tem na próxima temporada o que já há muito merecia, um
carro a sério, de uma equipa a sério, pois ele é um piloto a sério. O piloto das
” terras de sua majestade”, apesar dos seus 34 anos, não tem muita experiencia
no WRC, o que pode ser um problema, essencialmente na falta de conhecimento de
algumas provas. Ou não. O que Meeke perde em falta de conhecimento do real
mundo do WRC, ganha com a sua coragem e rapidez (as vezes exagerada é certo).
Pode ser uma agradável surpresa, e é de louvar a escolha da marca francesa. Meeke
é uma boa aposta. Ostberg, que vem de uma temporada decepcionante ao serviço da
M-Sport, decerto quererá “limpar a cabeça” e encarar a próxima temporada como o
ano “0” para ele. O Ostberg que vimos na temporada que agora findou,
simplesmente não existe. O outro Ostberg, rápido, espectacular, eficaz e
pressionante, surgirá na próxima temporada. Vejo muita gente a desacreditar
nesta dupla, mas eu penso o contrário. Atenção e respeito com estes dois
pilotos. Interessante de acompanhar.
A Hyundai, no ano
de reentrada no mundial de rally´s, fez uma grande aposta com a contracção do
promissor T. Neuville para piloto oficial, que fará toda a temporada, sendo a principal
arma da marca coreana… e que arma! Se o carro corresponder, temos sem dúvida um
grande candidato a destronar Ogier (isto se for possível derrotar um
“extraterrestre”). As segundas escolhas da Hyundai são 3. D. Sordo, J. Hanninen
e C. Atkinson. Sordo, fará as provas de asfalto (Monte Carlo, Alemanha, França
e Espanha), bem como duas provas em terra, que são Portugal e Argentina. As
outras provas da temporada serão divididas entre Hanninen e Atkinson. Se o
finlandês faz algum sentido, visto ser um piloto que com pouco, já mostrou
muito, o Australiano é mais o contrário… Com muito, nunca mostrou nada. Em
vários anos no WRC, nunca passou de um piloto mediano, mesmo quando foi piloto
oficial da Subaru, ao lado de P. Solberg, raramente cumpriu os “serviços
mínimos”. A sua entrada no projecto Hyundai será mais uma estratégia de
“marketing” da marca Coreana, lá para a terra dos Kangurus. Muitos I20 se vão
vender por lá. O ano de estreia será uma incógnita, mas a avaliar pelo
investimento, teremos um ano promissor, mas resultados práticos…talvez no
asfalto a coisa corra bem.
A M-Sport ainda
não confirmou o seu plantel, mas tudo indica, que será M. Hirvonen e R. Kubica
na equipa principal e E. Evans como piloto júnior. Se Hirvonen logo após a
final do último rally da temporada, era dado como certo na equipa de “sir”
Malcolm Wilson, R. Kubica, andava metido num “jogo da corda” entre a Citroen e
a Ford, que pelos vistos foi favorável à marca “oval”. Mikko regressa a casa.
Se calhar nunca de lá devia ter saído. Se ganhar confiança de outros tempos,
temos piloto para andar lá na frente. Se isso não acontecer, será um ano muito
difícil para a Ford, pois de Kubica, apenas se espera mediatismo, entusiasmo em
volta dele e muita chapa amolgada. E. Evens a confirmar a sua presença na
equipa Júnior, terá um ano de aprendizagem, com um objectivo muito vincado –
ser melhor que Mikkelsen (piloto Júnior da Volkaswagen). Atenção a este
talento, muito bom piloto.
Estamos a cerca de um mês do Rally de Monte Carlo, prova de
abertura do mundial de ralis, até lá é afinar as máquinas, conhecer os carros,
testar, testar testar…a próxima temporada promete. Pilotos novos, regressos,
afirmações de carreiras e desilusões. O que fará a Hyundai? Haverá de tudo, a
partir de 14 de Janeiro de 2014.
Carlos Mota
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