domingo, 22 de dezembro de 2013

Resumo da época 2013 de Fórmula 1 - Parte 3. Avaliação das equipas ( de 11º ao 6º)

Depois de analisar a época no geral, e ter feito uma avaliação individual de cada piloto, é agora tempo de avaliar as equipas uma a uma, e entender quais foram as que mais brilharam e as que mais desiludiram este ano.

11º Caterham:

Do “campeonato dos últimos”, é claramente o elemento mais forte. O investimento que é feito na equipa, obriga a Caterham a ser mais competitiva e constantemente superior à Marussia. Mas este ano, não obstante terem um orçamento maior, ficaram para trás. Segundo especialistas, o carro à vista desarmada era interessante, com componentes no chassis que poderiam resultar em cheio. Se não resultaram, é porque houve falta de articulação entre as várias equipas técnicas, o que fez com que o carro, embora bem concebido, não rendesse o que devia. Falha nas chefias técnicas provavelmente. Não esquecer também que o desempenho dos pilotos não foi o melhor. Pic esteve muitos furos abaixo do que devia ter feito e Van der Garde, embora não tão mal, não teve nível para tirar mais do carro. Um ano para esquecer. Para o ano Van der Garde deverá ficar na equipa e fala-se no regresso de Kobayashi, assim como o regresso de Kovalainen aos GP´s. De qualquer forma nota-se que a equipa quer mais e a escolha dos pilotos pode confirmar isso.



10º Marussia:

A equipa com menos recursos da F1 não inventou. Leu os regulamentos e aplicou-os no carro, sem qualquer tipo de “truque”. A falta de investimento é visível na falta de inovação no carro. Foi provavelmente o carro mais simples do grid deste ano. Mas houve uma peça que funcionou às mil maravilhas. Essa peça está situada entre o banco e o volante do carro e chama-se Jules Bianchi. Foi graças a ele que o carro menos refinado, conseguiu ultrapassar os Caterham. Foi o abono de família de uma equipa que tem de fazer o suficiente, com pouco. Era necessário que a Marussia tivesse coragem para investir mais um pouco e tentar fazer algo diferente. Enquanto a Caterham tenta, à sua maneira evoluir e crescer, a Marussia tem feito pouco por isso. Pode ser que este 10º lugar os motive mais. Bianchi fica na equipa e só isso, devia ser motivo de festejo. Falta confirmar o 2º lugar. Provavelmente alguém com carteira grande e recheada.



9º Williams:

2012 tinha sido um bom ano para a Williams. Os bons resultados voltavam a aparecer, e a equipa parecia finalmente ter encontrado um rumo. 2013 fez esquecer tudo isso. Foi um dos piores anos da equipa e muito por culpa do carro. O FW35 era um carro muito complicado de conduzir, especialmente em curvas antecedidas de travagens menos fortes, onde se mostrava muito nervoso. A Williams fez uma aquisição de peso. Pat Symonds foi o responsável pela melhoria do carro. Fazendo algo muito simples. Retirando componentes que não funcionavam e colocando componentes que se mostraram eficazes em 2012. Isso foi visível quando retiraram os escapes com o “efeito Coanda”. O carro pareceu logo bem mais competitivo. Assim, Symonds ensinou que para se crescer na F1 não é preciso ser um génio. Às vezes basta ser prático e pragmático. Espera-se muito mais da Williams para o próximo ano, pois o reforço da área técnica tem sido feito de forma positiva, e como tal espera-se que os resultados se possam ver, já a partir de 2014. Mas este ano foi dos mais negros da equipa. Um bom ano para relembrar e nunca mais repetir. A dupla de pilotos para 2014 é bem mais consistente que a deste ano. Massa traz experiência e vontade de se mostrar em bom nível, e Bottas é um jovem que quer confirmar que pertence à F1. A Williams tem tudo para fazer melhor que em 2013.



8º Toro Rosso:

Foi uma época que até teve bons momentos, a maioria deles patrocinados por Ricciardo mas também com momentos baixos. E é nisso que se resume a época da Toro Rosso. Uma época difícil de avaliar. Se a primeira parte do ano foi até bem conseguida, ficou a sensação que podiam ter feito mais na 2ª metade. O carro não evoluiu o suficiente e os pilotos também não mostraram a estabilidade necessária. Mais Vergne, que pareceu perdido em pista. Ricciardo, ainda assim, levou a equipa o mais alto que pôde. Não se sabe se o carro tinha pouco potencial ou se a equipa não conseguiu perceber o carro ( mais provável a 2ª opção), mas se a Toro Rosso parecia bem lançada para uma boa época, ficou-se por uma época menos má. Será provavelmente preciso rever o funcionamento da área técnica. O ano que vem, terá Vergne sob pressão de Helmut Marko e Kvyat, um rookie que dá o salto a nosso ver cedo demais para a F1. E Gutierrez é o exemplo de que quando se salta cedo demais as coisas ficam muito difíceis.



7º Force India:

Teve uma primeira metade de época muito boa e ameaçou seriamente a McLaren, a certo ponto. Mas a troca de pneus veio prejudicar todo o trabalho feito até então. Segundo os entendidos, a equipa fez um carro simples, prático e muito eficaz. Trabalhou o carro a volta das características dos pneus, e como é óbvio, quando essas características se alteraram ficaram a perder. Como os recursos são poucos, tiveram de optar por parar a evolução do carro, para se concentrarem em 2014. E foi pena, pois teriam brilhado no mínimo mais um par de vezes. Assim fizeram um ultimo terço de campeonato muito abaixo do que poderiam ter feito. Para o ano espera-se mais, pois os regulamentos podem jogar a favor da equipa. Além disso será a equipa com uma das melhores duplas de pilotos do grid. A Force India tem, passo a passo, e contra muitas dificuldades, crescido gradualmente. Para o ano esperamos ver a equipa brilhar mais.



6º Sauber:

O carro tinha logo dado nas vistas pela pinta, e pelos “side pods” muito reduzidos e pelos flancos quase verticais, ao contrário dos arredondados que se vêm noutros carros. E pelos vistos, foi essa opção que deitou tudo a perder para a equipa, no inicio do ano. Pois desde aí, foi notório que a equipa passou o ano a corrigir os erros que tinha cometido no inicio. Colocamos a Sauber à frente da Force India, pois ao contrário da última, a Sauber nunca parou de melhorar o carro. Tentou sempre até ao fim criar um pacote cada vez mais competitivo, e conseguiu. É preciso reconhecer que Hulkenberg é também o grande responsável por isso. E diz quem sabe que, a seguir a Vettel, é o melhor a aproveitar os gases de escape para aumentar a aderência do carro em curva. Como? Acelerando mais cedo mas fazendo passagens de caixa mais longe do limitador, o que aumenta os gases quentes no difusor traseiro ( ou extractor como lhe queiram chamar) e aumentando assim a carga aerodinâmica, para além de diminuir a probabilidade de fazer fazer patinar as rodas traseiras. O último esforço da Sauber é de louvar. Uma equipa que enfrenta dificuldades de financiamento, que não desiste de evoluir o carro é um exemplo para todas as outras equipas. Mas temos de admitir que existe o reverso da medalha. Ao não investir tanto a Force Inda terá poupado o suficiente para atrair 2 dos melhores pilotos do grid, enquanto a Sauber ficará apenas com uma dupla para serviços mínimos.



No próximo post veremos as 5 primeiras equipas do grid e o seu desempenho.


Fontes:

Edição escrita do semanário Autosport. Análise técnica de Gary Anderson, antigo director técnico da Jordan, Stewart e Jaguar e agora comentador da BBC.

Fotos:

Retriradas do Google.



Fábio Mendes

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