Depois de analisar a época no geral, e ter feito uma
avaliação individual de cada piloto, é agora tempo de avaliar as equipas uma a
uma, e entender quais foram as que mais brilharam e as que mais desiludiram este
ano.
11º Caterham:
Do “campeonato dos últimos”, é claramente o elemento mais
forte. O investimento que é feito na equipa, obriga a Caterham a ser mais
competitiva e constantemente superior à Marussia. Mas este ano, não obstante terem um orçamento maior, ficaram para trás. Segundo especialistas, o carro à
vista desarmada era interessante, com componentes no chassis que poderiam
resultar em cheio. Se não resultaram, é porque houve falta de articulação entre
as várias equipas técnicas, o que fez com que o carro, embora bem concebido, não rendesse o
que devia. Falha nas chefias técnicas provavelmente. Não esquecer também que o
desempenho dos pilotos não foi o melhor. Pic esteve muitos furos abaixo do que
devia ter feito e Van der Garde, embora não tão mal, não teve nível para tirar
mais do carro. Um ano para esquecer. Para o ano Van der Garde deverá ficar na
equipa e fala-se no regresso de Kobayashi, assim como o regresso de Kovalainen
aos GP´s. De qualquer forma nota-se que a equipa quer mais e a escolha dos
pilotos pode confirmar isso.
10º Marussia:
A equipa com menos recursos da F1 não inventou. Leu os
regulamentos e aplicou-os no carro, sem qualquer tipo de “truque”. A falta de
investimento é visível na falta de inovação no carro. Foi provavelmente o carro
mais simples do grid deste ano. Mas houve uma peça que funcionou às mil
maravilhas. Essa peça está situada entre o banco e o volante do carro e
chama-se Jules Bianchi. Foi graças a ele que o carro menos refinado, conseguiu ultrapassar os Caterham. Foi o abono de família de uma equipa que tem
de fazer o suficiente, com pouco. Era necessário que a Marussia tivesse coragem
para investir mais um pouco e tentar fazer algo diferente. Enquanto a Caterham
tenta, à sua maneira evoluir e crescer, a Marussia tem feito pouco por isso. Pode
ser que este 10º lugar os motive mais. Bianchi fica na equipa e só isso, devia
ser motivo de festejo. Falta confirmar o 2º lugar. Provavelmente alguém com
carteira grande e recheada.
9º Williams:
2012 tinha sido um bom ano para a Williams. Os bons
resultados voltavam a aparecer, e a equipa parecia finalmente ter encontrado um
rumo. 2013 fez esquecer tudo isso. Foi um dos piores anos da equipa e muito por
culpa do carro. O FW35 era um carro muito complicado de conduzir, especialmente em curvas antecedidas de travagens menos fortes, onde se mostrava muito nervoso.
A Williams fez uma aquisição de peso. Pat Symonds foi o responsável pela
melhoria do carro. Fazendo algo muito simples. Retirando componentes que não
funcionavam e colocando componentes que se mostraram eficazes em 2012. Isso foi
visível quando retiraram os escapes com o “efeito Coanda”. O carro pareceu logo
bem mais competitivo. Assim, Symonds ensinou que para se crescer na F1 não é
preciso ser um génio. Às vezes basta ser prático e pragmático. Espera-se muito
mais da Williams para o próximo ano, pois o reforço da área técnica tem sido
feito de forma positiva, e como tal espera-se que os resultados se possam ver, já a partir de 2014.
Mas este ano foi dos mais negros da equipa. Um bom ano para relembrar e nunca
mais repetir. A dupla de pilotos para 2014 é bem mais consistente que a deste
ano. Massa traz experiência e vontade de se mostrar em bom nível, e Bottas é um
jovem que quer confirmar que pertence à F1. A Williams tem tudo para fazer
melhor que em 2013.
8º Toro Rosso:
Foi uma época que até teve bons momentos, a maioria deles
patrocinados por Ricciardo mas também com momentos baixos. E é nisso que se
resume a época da Toro Rosso. Uma época difícil de avaliar. Se a primeira parte
do ano foi até bem conseguida, ficou a sensação que podiam ter feito mais na 2ª
metade. O carro não evoluiu o suficiente e os pilotos também não mostraram a
estabilidade necessária. Mais Vergne, que pareceu perdido em pista. Ricciardo, ainda assim, levou a equipa o mais alto que pôde. Não se sabe se o carro tinha
pouco potencial ou se a equipa não conseguiu perceber o carro ( mais provável a
2ª opção), mas se a Toro Rosso parecia bem lançada para uma boa época, ficou-se
por uma época menos má. Será provavelmente preciso rever o funcionamento da área
técnica. O ano que vem, terá Vergne sob pressão de Helmut Marko e Kvyat, um
rookie que dá o salto a nosso ver cedo demais para a F1. E Gutierrez é o
exemplo de que quando se salta cedo demais as coisas ficam muito difíceis.
7º Force India:
Teve uma primeira metade de época muito boa e ameaçou
seriamente a McLaren, a certo ponto. Mas a troca de pneus veio prejudicar todo o
trabalho feito até então. Segundo os entendidos, a equipa fez um carro simples,
prático e muito eficaz. Trabalhou o carro a volta das características dos pneus, e como é óbvio, quando essas características se alteraram ficaram a perder. Como
os recursos são poucos, tiveram de optar por parar a evolução do carro, para se
concentrarem em 2014. E foi pena, pois teriam brilhado no mínimo mais um par de
vezes. Assim fizeram um ultimo terço de campeonato muito abaixo do que poderiam
ter feito. Para o ano espera-se mais, pois os regulamentos podem jogar a favor
da equipa. Além disso será a equipa com uma das melhores duplas de pilotos do
grid. A Force India tem, passo a passo, e contra muitas dificuldades, crescido gradualmente. Para o ano esperamos ver a equipa brilhar mais.
6º Sauber:
O carro tinha logo dado nas vistas pela pinta, e pelos “side
pods” muito reduzidos e pelos flancos quase verticais, ao contrário dos
arredondados que se vêm noutros carros. E pelos vistos, foi essa opção que
deitou tudo a perder para a equipa, no inicio do ano. Pois desde aí, foi notório que
a equipa passou o ano a corrigir os erros que tinha cometido no inicio. Colocamos a
Sauber à frente da Force India, pois ao contrário da última, a Sauber nunca
parou de melhorar o carro. Tentou sempre até ao fim criar um pacote cada vez
mais competitivo, e conseguiu. É preciso reconhecer que Hulkenberg é também o
grande responsável por isso. E diz quem sabe que, a seguir a Vettel, é o melhor a
aproveitar os gases de escape para aumentar a aderência do carro em curva.
Como? Acelerando mais cedo mas fazendo passagens de caixa mais longe do limitador, o que aumenta os gases quentes no difusor traseiro ( ou extractor como lhe queiram chamar) e aumentando assim a carga aerodinâmica, para além de diminuir a probabilidade de fazer fazer patinar as rodas traseiras. O último esforço da
Sauber é de louvar. Uma equipa que enfrenta dificuldades de financiamento, que
não desiste de evoluir o carro é um exemplo para todas as outras equipas. Mas temos
de admitir que existe o reverso da medalha. Ao não investir tanto a Force Inda
terá poupado o suficiente para atrair 2 dos melhores pilotos do grid, enquanto a
Sauber ficará apenas com uma dupla para serviços mínimos.
No próximo post veremos as 5 primeiras equipas do grid e o seu desempenho.
Fontes:
Edição escrita do semanário Autosport. Análise técnica de Gary Anderson, antigo director técnico da Jordan, Stewart e Jaguar e agora comentador da BBC.
Fotos:
Retriradas do Google.
Fábio Mendes
Sem comentários:
Enviar um comentário