Depois do GP do Bahrain, que foi espectacular, poucos
apostariam que seria possível fazer melhor. A verdade é que a corrida do Canadá
foi fenomenal, interessante do inicio ao fim, com muitas lutas. Um GP fantástico, que vem provar duas coisas: As mudanças nos regulamentos trazem de
facto novos ingredientes que permitem este tipo de corridas e que os bons
circuitos são sempre mais propícios a boas corridas, o que deveria fazer pensar
a FOM antes de decidir-se pela localização de um GP.
Red Bull:
Uma equipa na verdadeira ascensão da palavra. Começaram de
forma péssima o ano, com um carro não era nem de perto nem de longe competitivo. Mudaram,
melhoraram, conseguiram evoluir o carro ( tal como a Renault) e é agora claro que são o 2º carro mais
rápido do grid. Vettel voltou a dar um ar da sua graça. Boa volta na qualificação
e uma corrida sólida. Mas notou-se falta de algum génio ( e carro também) para
passar os Force India. É por causa disso que o talento de Vettel é
constantemente questionado. Quando é preciso mostrar algo mais … o alemão não
brilha como podia e devia. Já Ricciardo tem brilhado e ofuscado Vettel. O
australiano não avisou que era assim tão bom. Que desempenho fantástico do “Sr
Sorrisos”, que consegue a sua primeira vitória na F1. Manteve-se no topo e
quando foi preciso atacou a liderança e venceu. Que ano de estreia fantástico na
Red Bull! E ainda vai surpreender mais.
Mercedes:
Até agora os Mercedes tinham roçado a perfeição. Mas Paddy
Lowe tinha dito que receava mais as desistências que a luta entre colegas de
equipa. E o Canadá provou que os Mercedes também falham. Os monolugares de
Hamilton e Rosberg tiveram problemas no sistema de recuperação de energia que
os fez perder potência. O mais azarado foi mais uma vez Hamilton. Depois de uma
desistência na Austrália, foi obrigado a desistir outra vez devido a uma falha
nos travões traseiros. Ficou fragilizado no Mónaco, onde não teve argumentos
para o seu colega de equipa e este fim-de-semana aconteceu o mesmo. E já se
sabe que no jogo psicológico Hamilton não é tão forte. Está na mó de baixo. Já
Rosberg esteve em grande. Voltou a bater o seu colega de equipa na qualificação
e liderava até as falhas mecânicas surgirem. Mas mesmo assim Rosberg manteve a
liderança até as ultimas voltas o que mostra duas coisas: o Mercedes é tão bom
que até com 160Cv a menos que a concorrência, conseguiu aguentar a liderança
mais tempo do que se pensava e Rosberg está com a estrelinha de campeão. Ia
batendo contra o muro da chicane, na sua volta de saída das boxes e com sorte
conseguiu seguir, cortou a chicane antes da recta da meta e não foi penalizado
(algo que devia ter acontecido, pois ganhou 0.6 seg em relação a Hamilton) e os
Force India seguraram os Red Bull o tempo suficiente para o alemão assegurar o
pódio. Não tiramos o mérito a Rosberg, que
esteve brilhante, mas não há campeões sem sorte e Rosberg, ao contrário de
Hamilton parece ter a sorte do seu lado.
McLaren:
Ninguém deu por isso mas Button fez uma corrida excelente. A
luta pelos lugares da frente absorveu as atenções todas mas o britânico
realizou uma excelente recuperação, que lhe permitiu chegar ao 4º. É verdade
que beneficiou das desistências, mas em competição é preciso aproveitar os
azares alheios e graças a isso Button somou pontos preciosos, tendo
ultrapassado Alonso e Hulkenberg, que não são nada fáceis de passar. Merece
mais um ano na McLaren com um carro decente. Tem sido ele a salvar a equipa nos
últimos 2 anos. Já Magnussen eclipsou-se completamente. Muito longe do jovem
que espalhava classe no WSR e que brilhou na primeira corrida. O dinamarquês
pontuou é certo, mas de um talento como o dele espera-se muito mais. Melhorias são
esperadas para a próxima corrida na McLaren e são bem necessárias. Não convém
contar apenas com a sorte para pontuar.
Force India:
Perderam uma oportunidade de ouro para voltar ao pódio. A estratégia
foi bem pensada e executada, os carros bem afinados e os pilotos não comprometeram.
A Force India está a dar os passos certos para se tornar uma equipa forte e
consolidada. Hulkenberg, mais uma vez ao seu estilo fez 5º. Não sabe o que é
não pontuar em 2014. Segurou Vettel meia corrida, mas não se deu bem com os
pneus “super soft” o que explica a falta de andamento no final. Mas é
definitivamente um excelente piloto. Já Perez foi a estrela da companhia. Em
qualificação o mexicano falha muito, mas em corrida é excelente. Poupou os
pneus como ninguém e apenas um problema eléctrico, que afectou os travões o
tirou do pódio ( sem isso não teria o acidente com Massa). Embora penalizado pelo acidente, não acreditamos que
tenha sido uma manobra mal calculada por parte de Perez, mas sim uma manobra de
recurso, quando tenta sair da traseira de Vettel para não chocar contra o Red
Bull, o que o faz mudar a trajectória e colocar-se no caminho de Massa. Um
acidente arrepiante que fez temer o pior. Perez tem um talento inegável mas
falta lhe a consistência psicológica para ser grande. Uma cura como fez
Grosjean não lhe faria mal nenhum.
Ferrari:
A versão B do F14T não resultou. O carro não foi competitivo
e o 6º lugar de Alonso é prova disso. Ultrapassados por Force India, Williams,
Red Bull e até McLaren em andamento, a Scuderia precisa de rever muita coisa.
Não será fácil segurar Alonso assim (mais ainda com a nega de Newey), mas ainda
assim o espanhol parece satisfeito com a nova liderança de Mattiacci. Mais uns
pontos amealhados pelo espanhol, o “pronto socorro” sempre de serviço. Kimi Raikkonen
é que continua irreconhecível. Não apareceu na pista ontem. Aquele pião no
gancho é algo estranho. Uma espécie de erro de principiante que continua a
cometer desde o início do ano. Este não é o Kimi. É uma cópia de má qualidade. Este 200º GP é para esquecer.
Williams:
Finalmente viu-se o verdadeiro potencial dos Williams, mas
mais uma vez o resultado foi uma desilusão. Tem sido sempre assim, com muitos azares à mistura. Massa fez
uma corrida muito boa, com alma, com paixão e isso valeu-lhe a luta pelos
lugares da frente. Mas foi essa mesma paixão que o levou a tentar passar Perez
naquela curva. Nada contra ele arriscar ali e agradecemos que seja sempre
assim, mas foi se calhar demasiado ambicioso. Ficou tudo bem com o brasileiro,
que foi sujeito a 27G de força no embate. Um claro sinal que a segurança dos
equipamentos está garantida. Mas merecia muito mais. Massa fez uma corrida
espectacular. Tanto ele como a Williams mereciam o pódio. Mas haverá mais
oportunidades ainda este ano. Já Bottas teve problemas com o seu carro no final
o que explica o 7º lugar. Se não fosse isso poderia ter ambicionado algo mais. Mas estão no bom caminho.
Toro Rosso:
Segundo Vergne, foi “ uma das melhores corrida da sua
carreira”. A verdade é que 8º não é nada mau para o francês e para a equipa. O francês
está pressionado e há vozes que se começam a levantar, dizendo que Sainz Jr
deveria ser o seu substituto ( Félix da Costa merece muito mais essa
oportunidade mas isso é outra história) Já Kvyat teve de desistir com problemas
no se monolugar. Não foi dos melhores fins de semana da equipa mas ainda assim
bons pontos conquistados.
Sauber:
Mais uma desistência para Gutierrez (problemas nas baterias)
e um 13º lugar para Sutil. O carro é lento e não é nada competitivo. Não há
forma do C33 se tornar num carro digno de um F1. E tendo em conta as
dificuldades financeiras que a Sauber enfrenta é uma situação muito difícil.
Será o “canto do cisne” da equipa? Não queremos acreditar nisso.
Lotus:
Nem Grosjean valeu à equipa. Duas desistências, com a asa
traseira de Grosjean a partir-se, e
problemas de motor para Maldonado. Um passo atrás para a equipa que estava a
viver essencialmente das boas prestações de Grosjean já que Maldonado continua
a coleccionar acidentes, desistências e erros. Época nada fácil.
Caterham / Marussia:
Depois do brilharete do Mónaco, a Marussia acabou a corrida
logo na primeira volta. Um erro de Chilton levou o seu colega contra os muros,
danificando ambos os carros. E na corrida de ontem, com tantas desistências, poderia
ter sido um repetir da história. Tanto é que o chefe da equipa ficou
extremamente agastado com o sucedido. Já a Caterham continua a penar. Duas desistências
também, com o colapso da suspensão traseira de Kobayashi e um tubo que se
soltou no motor de Ericsson. Se a Caterham estava mal depois do Mónaco, agora
ainda pior. Esperemos que a equipa não abandone a F1 mas a continuar assim é difícil
pois o carro é 5 seg. mais lento que os Mercedes, o que comparado com os 3.5
Seg. da Marussia é muito significativo.
Travões:
É já conhecido o novo sistema “Brake by Wire” da F1 e que
este sistema tem dado muitas dores de cabeça. Mas numa pista muito agressiva com
os travões a grande maioria das equipas teve problemas. É algo que deve ser
revisto e com muita atenção.
Adrian Newey:
Soube-se ontem que assinou um contrato por 3 anos com a Red
Bull, mas que não o vincula a equipa de F1. Segundo declarações do próprio, irá
trabalhar no RB11 de 2015 mas depois poderá optar por outros projectos com a
chancela da Red Bull. Fala-se da criação de um centro tecnológico como o da
McLaren, fala-se da sua participação no desenho de barcos para competições.
Fala-se na sua participação em carros de estrada. Está tudo em aberto para o
génio britânico, que esteve quase para assinar pela Ferrari. Mas a pressão da
equipa italiana e as restrições dos regulamentos
fazem com que Newey queira fazer uma pausa e experimentar coisas novas. Assim a
Red Bull mantém Newey na sua equipa, nem que seja como consultor e o génio
britânico não vai reforçar outra equipa, ficando com carta branca para fazer o
que quer. Para recusar 20 milhões da Ferrari terá tido mesmo tudo à sua vontade
na Red Bull.
Tudo dito em relação ao GP da Austrália, o próximo encontro
é dia 22 de Junho na Áustria.
facebook das equipas de F1
Fábio Mendes
Sem comentários:
Enviar um comentário