segunda-feira, 7 de abril de 2014

E à 3ª corrida, os críticos calaram-se, os pilotos esmeraram-se e os fãs vibraram. Uma das melhores corridas dos últimos tempos, encheu o coração dos fãs de F1.

O GP começava com as queixas do costume nos últimos tempos. O presidente da Ferrari com uma reunião com o Presidente da FIA e o detentor não oficial do poder económico da F1. Este triunvirato reunido não augurava nada de bom. Montezemolo, Todt e Ecclestone reuniram-se com o intuito de analisar, entre outras coisas, o estado actual da F1. Pelos vistos o presidente da Ferrari trazia material conclusivo sobre a matéria… uma sondagem no seu site que dava conta do desagrado dos fãs. Já os vimos começar por menos é verdade.  Não trouxe foi a nota que diz que a equipa dele tem estado muito abaixo do que devia estar e disso ninguém tem culpa.“O fluxo de combustível é ridículo”, esta “F1 é uma corrida de táxis”. Ouviu-se de tudo. Querem encontrar quem fale mal e faça mal à Formula 1? Vá a um paddock num fim de semana de GP. Estão lá a grande maioria.

Mas como sempre a F1 que interessa (e não a politica suja e manhosa), mostrou –se quando era mais preciso. E mostrou-se em todo o seu esplendor, dando uma corrida que ficará para a história. Houve quem se lembrasse dos anos 80/ 90. E quando isso acontece é porque realmente algo de especial sucedeu em pista.

A largada tinha como actores principais Hamilton e Rosberg. O alemão, largando da pole, com um arranque menos conseguido via o 1º lugar escapar-lhe entre os dedos, com Hamilton a passar por dentro, na 1ª curva, o seu companheiro de equipa. Mais atrás, Massa fazia um arranque fenomenal, chegando à 3ª posição. Também Hulkenberg, a mostrar todo o seu talento, a subir várias posições, Perez a aguentar-se perante a pressão de Bottas e Button. Os Ferraris ficavam para trás e Magnussen fechava o top 10.

Rosberg apertava Lewis nas curvas seguintes, mas com grande classe, o britânico aguentava a liderança.

Ainda na primeira volta Vergne tinha um furo provocado por Maldonado.

A acção foi constante durante toda a corrida. Vettel foi ganhando posições, assim com Ricciardo, com os Red Bull a perderem mais tempo atrás de Magnussen.  Mais à frente começava a luta "Williams vs Force India", com os 4 pilotos das duas equipa envolvidos em muitas manobras de ultrapassagem, com Hulkenberg a passar Bottas e Massa a lutar com Perez pelo pódio.

Na volta 15, um dos momentos históricos da noite. “ Vettel, deixa passar Ricciardo. Daniel é mais rápdio”. O azar do australiano pareceu ter ficado preso no trânsito e Ricciardo passava um Vettel com problemas no DRS.

Na volta 19, a 2ª batalha entre Hamilton e Rosberg, numa luta roda com roda, com Nico a passar Lewis e Lewis a recuperar a posição. Foi aqui que Hamilton ganhou a corrida. Ficou em frente ao alemão, o que lhe deu prioridade nas boxes, permitindo-lhe ganhar vantagem. Com vários elementos da Mercedes com o comprimido debaixo da língua e agarrados ao peito, os engenheiros resolveram dividir a estratégia dos dois pilotos, de forma que o contacto entre eles diminuísse, mas não o suficiente para retirar a ambos a possibilidade de vitória.

Na volta 25 o duelo das equipas Williams e Force India atingia o pico. Massa liderava o comboio na 3ª posição, seguido de Bottas, Hulkenberg e Perez. Bottas foi às boxes e Hulkenberg atacou Massa, enquanto Perez pagava para ver mais atrás. Quando o alemão se “distraiu”, Perez atacou Hulk e foi atrás de Massa, que passou 2 voltas depois.

Mais atrás Ricciardo e Raikkonen iam trocando argumentos pelo 7º posto e Bottas que recuperava posições, juntou-se à batalha, onde ia deitando tudo a perder com uma travagem mal calculada, que ia levando Kimi à frente. Ricciardo finalmente passou Kimi, com um Ferrari sem capacidade de responder.

Na volta 41 mais uma reviravolta. Maldonado, na saída das boxes, resolve esquecer Gutierrez e atira-se contra o Sauber na primeira curva, fazendo o carro do mexicano a capotar. É impressionante a quantidade de vezes que este Maldonado arranja problemas. Primeiro com Vergne, estragando a corrida do francês e depois com Gutierrez, colocando em perigo a vida do mexicano.

Safety car entrou em pista, para retirar o carro e os pedaços de fibra de carbono, o que obrigou ao reagrupar dos carros para umas últimas voltas alucinantes. Antes disso tivemos tempo para respirar e relembrar que Sutil já tinha abandonado com problemas no carro, tal como Vergne e Ericsson. A este grupo juntou-se Magnussen, com problemas de caixa.

Outro grande momento durante o Safety car foi o “team radio” da Mercedes. Paddy Lowe envia uma mensagem para ambos os pilotos: “façam o favor de trazer os carros para casa”. Alguns pensaram que era uma ordem de equipa, mas era só um lembrete. Lutem mas não estraguem o que fizemos até agora. Assim fizeram.

Com 10 voltas para acabar o Safety car saiu de pista, com os Mercedes a voar novamente para longe dos restantes, Perez a aguentar o 3º e Hulkenberg a tentar-se defender de Vettel e Ricciardo.

Na volta 50, Ricciardo passa por Vettel, mostrando que não está na Red Bull para brincar aos segundos pilotos, enquanto Vettel queixava-se de falta de potência.

Mais à frente era "Rosberg vs Hamilton" parte 3, com o alemão a tentar tudo por tudo para passar Hamilton, que tinha pneus médios e portanto mais lentos, em relação aos macios de Rosberg. Uma batalha fenomenal, que Hamilton venceu brilhantemente. Atrás Ricciardo passava, Hulkenberg e ia atrás de Perez que não conseguiria alcançar.

A uma volta do fim, Button retirava-se da corrida. Um dia para esquecer para McLaren, que não desistia de uma corrida desde o GP do Brasil de 2012.

Final de corrida com mais uma dobradinha para a Mercedes, 3º para Perez.  

Não é possível num resumo dizer tudo o que se passou nesta espectacular corrida. Teríamos de perder muito mais tempo a falar sobre a brilhante recuperação de Ricciardo, da excelente luta que Button deu, enquanto teve carro para isso, da luta entre Massa e Bottas, o esforço inglório de Alonso e Raikkonen. Foi uma corrida fenomenal, com emoção, duvida até ao fim manobras espectaculares.

Como disse Niki Lauda: “ Quem disse que a F1 é aborrecida é um idiota”. Não podíamos estar mais de acordo com ele.

Acredito que ontem, os pilotos que viveram e marcaram uma era da F1, sorriram ao ver esta corrida. Tantos os vivos, como aqueles que vêm corridas de uma bancada mais alta.



Classificação final:





Fontes:
f1today.net

fotos:
retiradas de google.pt

Fábio Mendes

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