quarta-feira, 9 de abril de 2014

O segredo do sucesso da Mercedes.

Foi desvendado por um jornalista da Motorsport ( Mark Hughes) juntamente com a Sky F1, o segredo dos Mercedes para o sucesso deste ano. Todo o carro campeão tem de ter um componente que lhe dá uma vantagem em relação aos outros carros. E a vantagem deste ano da Mercedes está no motor, mas especificamente no turbo.

Antes de mais explicar brevemente o que é um turbo.


Um turbo tem dois componentes principais, uma turbina e um compressor. A turbina recebe os gases de combustão do motor, que sem isso iriam directamente para o escape. Estes gases vão fazer girar a turbina. A este componente está ligado um compressor, que vai comprimir o ar que chega ao motor. O objectivo do turbo é “injectar” mais oxigénio, para que a combustão seja mais eficaz e todo o combustível seja aproveitado, não havendo desperdício de combustível, aumentando a potência do motor e a sua eficiência. Um 3º componente importante para o turbo é o intercooler, que serve para arrefecer o ar que chega do compressor, antes de ser injectado no motor. Ao comprimir o ar, está-se também a aquecer o ar, que fica assim menos denso e como tal com menos oxigénio. Arrefecendo o ar com o intercooler, aumenta-se a densidade do ar, e portanto aumenta-se a quantidade de oxigénio, promovendo uma combustão mais eficiente.

O que a Mercedes fez com o seu turbo foi muito simples. Normalmente a turbina e o compressor de ar ficam juntos, atrás do motor. Mas a Mercedes separou os dois componentes (como se pode ver na figura abaixo mostrada). A turbina que recebe os gases quentes fica atrás do motor e o compressor fica à frente, interligados por um veio, que passa pelo meio do motor em V.

Uma ideia simples permite várias vantagens. Primeiro melhora a distribuição do peso no carro. Segundo, como o compressor está à frente do motor, não tem contacto com os gases de combustão que são extremamente quentes, ficando a uma temperatura menor do que estaria na parte de trás do motor, estando também mais perto da entradas de ar que ajudam no arrefecimento. Como tal, o ar comprimido precisa de percorrer menos tubos para arrefecer, o que faz que o turbo tenha um efeito mais imediato. Ou seja se o turbo entra logo em funcionamento ( não há o chamado "turbo-lag"), o motor não precisa de usar energia eléctrica para compensar a demora de entrada em funcionamento do turbo, o que permite poupar electricidade, não exigindo tanto do sistema de recuperação de energia. Para além disso, permite ganhar espaço na parte de trás do carro e trazer a caixa de velocidade mais para o centro do carro ( sem o compressor, a temperatura na traseira do carro diminui não pondo em risco a caixa de velocidades que é um componente bastante sensível), melhorando a distribuição do peso do carro. Mais ainda, como o carro não precisa de um intercooler tão grande para arrefecer o ar vindo do compressor, entradas de ar laterais podem ser mais pequenas e como tal a resistência ao ar é diminuída, melhorando significativamente a aerodinâmica do carro.

Uma ideia simples, permite poupar energia eléctrica, permite que o peso do carro esteja melhor distribuído, o que torna o carro mais rápido a mudar de direcção e permite poupar mais os pneus e mais combustível pois se o carro curva melhor o seu andamento é mais fluido e não há diminuições tão bruscas de velocidade e como tal acelerações acentuadas deixam de ser necessárias e por fim melhora a aerodinâmica do carro.

Poderia pensar-se que todas as equipas com motor Mercedes beneficiariam da mesma maneira desta evolução. Mas acontece que essas equipas só souberam desta evolução quando assinaram contrato com a Mercedes. O que significa que enquanto a Mercedes passou quase 3 anos de volta desta ideia e criou um carro especificamente para tirar partido desta inovação, as outras equipas foram apanhadas de surpresa e não puderam usar isso a seu favor. No futuro poderão usar isso, mas por enquanto é difícil refazer o trabalho feito. Enquanto as equipas como motores Ferrari e Renault têm de esperar para o próximo ano para ter motores semelhantes, pois este ano já não podem homologar novos motores e como tal só em 2015 é que poderão apresentar novos desenhos.

O que significa que para este ano, a Mercedes tem uma vantagem que ninguém pode copiar. Não é um elemento aerodinâmico que se pode adicionar. É uma parte que é muito complicada para não dizer impossível de mudar a meio da época. Faz parte da construção do carro.

Pode se dizer que de uma ideia simples, a Mercedes ganhou uma vantagem enorme em relação às outras equipas. Principalmente da Ferrari, que para além da Mercedes era a única que podia pensar a criação do motor e do carro da mesma forma que a Mercedes fez. Mas mais uma vez a Scuderia desiludiu e este ano ainda não tem um carro que tenha a mesma qualidade dos pilotos.

Veremos como as equipas conseguem compensar a desvantagem para a Mercedes mas parece claro que os Silver Arrows vão manter esta vantagem até ao final da época. Ideias simples e inteligentes. É assim que se ganha, tanto na vida como na F1.


Video explicativo da Sky F1:





Fontes:
skyf1 ( video explicativo mostrado no final do post)
autosport.com


Fotos:
retiradas do video da Sky F1
Google.pt



Fábio Mendes

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