quinta-feira, 3 de abril de 2014

A receita (ou falta dela) para melhorar o som dos motores, dada pela Renault.

Andam os fãs chateados, andam alguns pilotos pouco agradados, andam os responsáveis a pensar o que se pode fazer. O som dos motores tem sido o assunto do dia (é provável que seja também falta de assunto e como tal, continua-se com o mesmo problema).

É um facto que o som do motor é agora menos agradável. Parece um motor que dormiu com os pés de fora e apanhou frio, tendo acabado por ficar com o nariz entupido.

Nós queríamos ter já encerrado este assunto, sobre o qual já falamos, mas a Autosport falou com o chefe da Renault sobre o problema e a resposta é pertinente e pode interessar.

Perguntaram o que se poderia fazer para melhorar ou aumentar o som dos motores e  a resposta... não vai animar os mais descontentes.

Para Remi Taffin, há dois problemas no som dos motores: o turbo e as rotações.

No que diz respeito as rotação, passamos de 18000 rpm para um máximo regulamentado de 15000. Só aí seria uma diferença significativa, mas para piorar a situação, os motores têm atingido máximos de 11000 rpm, estando a média nas 10000 rpm. Ou seja uma diminuição de 8000 rpm o que é muito.

Depois há também o turbo. Este componente fica situado entre o motor e a saída de escape. Ou seja, para além de recuperar energia, está também a fazer um efeito de silenciador, pois não se ouve de forma tão "directa" o som  dos V6.

O resultado destes dois factores resulta no som que temos agora.

O que fazer para aumentar o volume dos motores? Segundo Taffin, mexer no escape é irrelevante. Para além de, provavelmente, obrigar a repensar o motor e gastar mais dinheiro, não trará benefícios, pois o problema do turbo mantém-se. Ele está lá e vai sempre mascarar um pouco o som dos motores. Nada a fazer.

A única solução, para o chefe da marca do losango, seria aumentar as rotações ao motor. Mas isso traz consigo uma implicação importante. A famosa regra dos 100Kg/h de combustível teria de ser esquecida. Para aumentar as rotações é necessário fornecer mais combustível e neste momento para cumprir com a regra, as equipas não podem chegar a rotações mais elevadas. Mas esquecendo a regra, objectivo de aumentar a eficiência da modalidade estaria posto em causa.

É provável que se tomem medidas no futuro para se mudar esta situação. Há muita gente descontente e há até rumores de contratos com certas pistas a serem postos em causa, por causa da baixa do som das unidades motrizes ( poderá ser uma jogada estratégica para diminuir o preço que se paga para receber a F1).

Para se fazer a tal mudança, ou outra ideia surge, ou então será preciso mudar os regulamentos e abdicar do objectivo da eficiência. Para além de ser um grande revés para a FIA, seria também um afastamento do objectivo principal desta revolução toda, que é fazer os melhores e mais eficientes motores do mundo e "exportar" essa tecnologia para os carros do dia a dia (algo que foi pedido pela Renault e que já permitiu atrair a Honda). É uma questão delicada que os "chefes" vão ter de responder. Quererá a F1 ser o topo da evolução mecânica, mesmo perdendo ao nível da espectacularidade,ou quererá ser a F1 mais dramática e mais ruidosa, satisfazendo assim muitos fãs, mas ao mesmo tempo, ficando longe dos objectivos propostos, que permitiriam que a F1 fosse cada vez mais a modalidade mais avançada do desporto motorizado (como deve ser sempre)? Ou haverá alguma solução que permita o meio termo entre as duas realidades?

Que rumo se seguirá? Não sabemos. Mas que seria benéfico aumentar-se o som das máquinas, isso ninguém duvida. Mas valerá a pena dar um passo atrás? Muitas dúvidas para serem respondidas no futuro.



fontes:
autosport.com
Fotos:
retiradas de google.pt


Fábio Mendes

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