quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Nuvem negra continua a pairar sobre a F1.

Tem sido um campeonato bastante interessante e agitado, sendo que a última corrida antes das férias deixou bem claro que o título está longe de estar decidido. Todas as alterações mecânicas, e também, novas regras e novas restrições impostas, iniciaram um clima de negativismo que se tem mantido ao longo do campeonato. 

Este negativismo tem pairado não só sob os fãs, que se mostraram descontentes por esta evolução na modalidade, mas também, por parte de intervenientes directos na F1 (pilotos, chefes de equipa, engenheiros, entre outros). Até mesmo a imprensa não tem conseguido escapar ao clima abrangente.


Inicialmente, Bernie Ecclestone, presidente da Formula One Management, não poupou críticas aos novos motores V6 híbridos e também, à falta de “barulho” proveniente dos veículos em pista. Este tipo de críticas foi bastante comum, partindo dos mais variados nomes influentes da F1, como, Dietrich Mateschitz, dono da Red Bull Racing, e Luca de Montezemolo, presidente da Ferrari. Por outro lado, o ex-piloto de F1 e actual director da Mercedes AMG Petronas F1 Team , Niki Lauda, que não partilha das mesmas ideias, criticou a atitude de Ecclestone, dizendo que este também participou na decisão dos motores, e que as suas críticas cinco anos depois não faziam sentido.

E os que achavam que estas críticas e controvérsias acabariam por se dissipar ao longo do campeonato, estavam totalmente enganados… Adrian Newey, director técnico da Red Bull Racing, afirmou recentemente que as regulações técnicas são demasiado restritivas evidenciando que a F1 corre o sério risco de se tornar a GP1, ou seja, que comece a fazer parte de categorias com veículos idênticos e em que o principal foco é o talento dos pilotos  e não o design mecânico do carro. As novas regras, segundo este, impedem a criatividade devido aos limites de desenvolvimento.

Já o piloto alemão, Nico Hulkenberg, também veio a público recentemente partilhar em entrevista que estas mudanças que ocorreram têm facilitado a vida aos rookies deste ano. O piloto da Sahara Force India F1 Team realçou a sua opinião comparando os resultado que obtidos durante esta época pelos dois rookies, Kevin Magnussen e Daniil Kvyat, relativamente aos seus companheiros de equipa, com um historial mais longo na F1. Nico Hulkenberg garantiu ainda que a experiência dos pilotos, na actual competição, não traz qualquer vantagem em pista. A opinião do piloto não é única, e o companheiro de equipa de Daniil Kvyat na Scuderia Toro Rosso, Jean Eric Vergne, já veio expressar opinião idêntica.

Mesmo com as corridas emocionantes a que temos assistido, com lutas bastante interessantes e fantásticas ultrapassagens, ainda há muitos seguidores que se opões e estão contra “a F1 de 2014”. Este mal-estar que se faz sentir entre a F1 e os fãs, tem gerado falta de interesse por seguidores mais jovens e de novas gerações. Os índices de audiências das provas e de todas as actividades deste desporto, na televisão, têm baixado abruptamente, levando os canais públicos a abdicar da emissão destes.

Recentemente, a Rede globo, canal público brasileiro, deixou de emitir a qualificação 1 e 2 e ameaçou deixar de emitir eventos de F1 a partir de 2015. As bancadas vazias de Hockenheim, na Alemanha, que é uma das provas míticas do campeonato de F1, vieram aumentar ainda mais a inquietação existente a respeito do público.

Já anteriormente, Sérgio Perez, piloto da Sahara Force India F1 Team, disse em entrevista que para recuperar audiências a F1 teria de ter mais equipas a disputar vitórias, de modo a entusiasmar o público, o que não tem acontecido.

A presença da F1 na Rússia e o agendamento de um Grande Prémio no Azerbaijão em 2016 gerou também polémica e incrementou o negativismo, em torno do clima político actual que se tem vivido nessas regiões do leste europeu, surgindo preocupações no que toca à insegurança.

Confrontado numa conferência recente, com questões sobre o assunto, o chefe da Red Bull Racing, Christian Horner, demonstrou o seu desagrado com a imprensa, pela preocupação e interesse desta com questões do género e de não valorizarem o que realmente é devido. Este afirmou que eram questões a ser colocadas a Bernie Ecclestone e que não seriam pertinentes numa conferência de equipas.


Ao longo deste ano, o sentimento de negativismo tem sido uma constante na F1. Esta situação aparenta ser um ciclo vicioso que teima em permanecer na modalidade, mas só a “segunda parte” da temporada poderá esclarecer e revelar se os tempos conturbados da F1 permanecerão.


Fotos
retirdadas de google.pt



Élia Paulo

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