A tua carreira começou nos
ralis, já lá vão praticamente duas décadas. O que te levou a regressar e logo
no Todo o Terreno, depois de tanto tempo de ausência?
“É verdade! Passaram mais de
vinte anos sem me sentar num carro de corrida após três anos nos ralis
‘piratas’ da altura. Tinha pouco mais de dezoito anos e a minha vida
profissional, pelo facto de ter andado cerca de dez anos pela Europa fora,
tiraram-me a possibilidade de continuar, contundo nunca perdi o gosto pelos
automóveis e fui sempre seguindo o nosso Rali de Portugal, procurando também
manter-me sempre informado sobre o que se passava ao nível do Desporto
Motorizado, até que um dia o meu primo Nuno Tordo e o meu grande amigo Rui
Sousa me convidaram para integrar a sua equipa para Fronteira. Com essa
presença veio o aguçar da vontade de voltar a competir! Fascinou-me a
versatilidade dos jipes, pois passados vinte anos encontrei verdadeiros carros
de corrida”.
Quais foram as principais
dificuldades que encontraste quando ingressaste no TT?
“No Todo-o-Terreno temos que
equilibrar uma série de factores ao mesmo tempo para ser competitivos.
Obrigatoriamente temos que ser rápidos e eficazes, mas ao mesmo tempo temos que
gerir muito bem a mecânica, uma vez que a dureza das provas e também a extensão
das mesmas pode provocar a nossa desistência. É bem diferente dos ralis onde
apostamos tudo num troço de vinte quilómetros. Aqui temos trezentos e por vezes
até mais sem assistência, onde tudo pode acontecer. É difícil ser rápido e
depois manter essa rapidez sem quebras durante quatro ou cinco horas, assim
como lidar com a preocupação de defender também o carro. Outra questão
fundamental é a nossa condição física, pois sem ela podemos até começar bem,
mas depois não conseguimos manter esse ritmo ao longo da prova”.
Depois de obteres o
Vice-Campeonato T2 em 2013, o que te levou a renovar a aposta na Nissan Navara,
apesar de não ser a viatura mais competitiva da categoria?
“A Nissan tem sido uma
excelente aposta, apesar de não ter a competitividade das Isuzu ou dos
Mitsubishi. É um carro muito fiável com o qual terminámos todas as provas que
disputámos, onze! Por isso tem sido um carro que nos permitiu evoluir bastante,
embora já sinta a necessidade de uma máquina mais competitiva. A nossa Nissan
no entanto tem desempenhado um excelente papel, pois já a conseguimos colocar
no quarto posto absoluto do Campeonato Nacional de Todo o Terreno do ano
passado, sendo também essa a posição que temos actualmente. Que mais podemos
dizer!”
Para além de renovares a
aposta na Nissan, a mesma continua sob os cuidados da Prolama…
“Como se diz na gíria, ‘em
equipa que ganha não se mexe!’. A Nissan tem tido um desempenho excelente
também pelo muito trabalho desenvolvido pela Prolama Competição. Esse trabalho
não se resume apenas á nossa Nissan, pois também nós temos aprendido muito com
eles. Temos tirado partido da experiência que acumularam ao longo de muitos
anos de todo o terreno. No passado dizia-se que o Todo o Terreno não estava tão
virado para pilotos rápidos, mas sim inteligentes. Eu tenho uma opinião
diferente. O TT é para pilotos rápidos e inteligentes! Claro que é nessa
rapidez que tudo pode acontecer. Para ganhar esse equilíbrio, são fundamentais
todos os ensinamentos de quem já ganhou tanto como é o caso da Prolama”.
Qual foi o melhor momento
da temporada passada?
“A temporada passada foi sem
dúvida a concretização de muitos sonhos. Conseguimos logo no nosso primeiro ano
completo ser Vice-Campeões de T2 e terminar no quarto posto absoluto no
Nacional de Todo o Terreno. Foi um ano fantástico onde fomos muito felizes em
vários momentos, como foram os casos das provas de Idanha-a-Nova em que
conseguimos o nosso primeiro pódio absoluto e de Portalegre onde vencemos no T2
e fomos ao pódio da Taça do Mundo”.
E qual foi o momento menos
bom?
“O menos bom foi sem dúvida
quando em Alcoutim com mais de quarenta graus que se faziam sentir, desidratei
a meio da prova, levando-me mesmo a um desmaio momentâneo. Depois seguimos e
ainda conseguimos terminar em segundo no T2, mas foi sem dúvida muito
doloroso”.
Este ano lideras o
Campeonato após 3 provas. A equipa está mais forte para poder chegar ao título
do T2 este ano?
“A equipa está muito motivada
e vamos tentar não desiludir ninguém, contudo, ainda faltam muitos quilómetros
de corrida até final e muita coisa pode acontecer, embora seja evidente que é
um objectivo bem claro e que queremos alcançar”.
Das quatro provas que
faltam, duas são totalmente novas. É bom ter novas provas no campeonato?
“Gosto muito disso. Encontrar
provas totalmente novas acho que vão nivelar muito as coisas, pois será igual
para todos e nós costumamos funcionar bem em terreno desconhecido, pelo que
acho que vai ser ainda mais divertido”.
Para esta segunda metade do
campeonato vão existir novidades no carro?
“Com o facto de estarmos na
liderança do Campeonato, as preocupações com o carro são ainda maiores, contudo
não há muito a fazer para além do que temos feito, que é apostar em garantir a
fiabilidade. Essa é a nossa principal preocupação”.
Outra aposta parece ser a
Taça Ibérica. Com duas provas realizadas, qual é o objectivo?
“A Taça Ibérica não estava nos
nossos planos inicialmente, até que o resultado em Reguengos nos levou a fazer
contas…e três dias depois da prova estávamos a caminho de Espanha, onde
felizmente conseguimos outro bom resultado. Agora faltam duas corridas para o
fim e o objectivo passa por tentarmos ser Campeões Ibéricos ao nível absoluto,
uma vez que não existe campeonato para os T2. Parece-nos um objectivo bastante
arrojado, mas parece-me que é atingível e se eventualmente no final do ano
conseguíssemos vencer nas duas competições, seria excelente para a Scuderia
Goldentrans/DURA. É a prenda de Natal que gostaria de lhes oferecer”.
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