terça-feira, 8 de abril de 2014

Rally de Portugal – Resumo final. Fim-de-semana perfeito para o “português” S. Ogier.

S. Ogier foi o grande vencedor de mais uma edição do Vodafone Rally de Portugal, fazendo-o pela 4ª vez no nosso pais, podendo bater o record de vitórias em Portugal de Markku Allen, que é o actual detentor da marca. Ogier tem portanto muitos anos pela frente para entrar na história, naquele que é assumidamente uma dos seus ralis favoritos de toda a temporada.

Quanto à prova em si, Ogier fez um rally irrepreensível, roçando a perfeição, se é que isso existe nos ralis, mas este francês é capaz de fazer coisas incríveis, só capazes por um verdadeiro predestinado. O piloto da Volkswagen, fez uma prova de cautela, sem ainda assim perder muito tempo para os mais rápidos, M. Hirvonen e O. Tanak que até chegaram em primeiro e segundo respectivamente no final do 2º dia de prova, mas com diferenças muito curtas. Mikko era líder com 3,7´s sobre Tanak e 6,5´s sobre Ogier, que mesmo a poupar pneus e a optar por uma andamento sem correr muitos riscos, estava na luta pelos lugares cimeiros.

Ao contrário do francês, os dois homens da Ford estavam a dar tudo, arriscando em demasia, ao ponto de no terceiro dia de prova, Tanak ter tido uma violenta saída de estrada, destruindo o seu Fiesta RS WRC e arruinando mais uma grande prova que estava a realizar. Já por seu lado M. Hirvonen começou a ficar condicionado pelo estado dos seus pneus, já com algum desgaste e pouco eficientes. Ogier, com uma óptima gestão em todos esses aspectos, atacando somente nas especiais certas,  optou por arriscar mais nas passagens por Santana da Serra, a maior especial de todo a o rally, onde só aí ganhou 20´s no somatório a Hirvonen, sendo decisivo para deixar o dominador piloto da Volkswagen bem na frente da prova, controlando desta forma todo o andamento dos adversários.

A lista de possíveis vencedores também já não era muita vasta, pois este rally foi fértil em abandonos e percalços, fazendo várias vítimas pelo caminho. Tanak era segundo, quando abandonou, bem como Latvala, que também era segundo na geral, atrás de Ogier, quando na segunda por Silves deitou tudo a perder e foi parar…à vala. Sordo, que chegou a liderar ainda no primeiro dia, mostrando que o Hyundai pode a curto prazo andar mais próximo dos da frente, mesmo no cronómetro, sem ter que contar com abandonos alheios para subir na geral. Meeke, Hanninen,Evens e Kubica, de novo em dose dupla, também tiveram problemas que os impediram de ter uma melhor classificação, ou mesmo de terminar o rally.

Quanto à “power Stage”, foi mais uma “limpeza” para Ogier, fazendo um tempo canhão, vencendo de forma tão clara, que resignou toda a gente. Latvala fez o segundo melhor tempo, conseguindo desta forma 2 pontos, e Ostberg que após fechar a prova no 3º lugar, arrecada ainda mais 1 ponto nesta especial.

Um rally duro, muito duro, com troços bem difíceis, provocados pelas intensas chuvas, que caíram na região algarvia na última semana, deixando os troços bem traiçoeiros, escorregadios e inconstantes, com zonas de mudanças de condições do piso, que criaram vários problemas aos pilotos.


Assim sendo, Ogier foi o grande vencedor do Rally de Portugal, na frente Hirvonen que teve uma boa prestação na prova portuguesa, chegando a liderar, mas nada poderia fazer face à superioridade do francês. Ostberg foi terceiro na geral, de forma confortável, já que Mikkelsen o 4º na geral ficou a quase 4 minutos do piloto da Citroen. O regressado H. Solberg fechou o Top5.


S. Ogier é sem dúvida um fora de serie. A forma como gere a corrida, os pneus, o andamento, o risco…tudo, é simplesmente perfeito. E depois tem quele “pormenor” que é andar como ninguém anda. A condução deste francês é única, alia a rapidez, a solidez, a elegância…simplesmente perfeito! Ogier volta a vencer, pela 4ª vez em Portugal, lidera o campeonato de forma controlada, a caminho de um mais que certo título de campeão mundial. Estamos perante uma lenda viva dos ralis, e que não ficará por aqui.

M. Hirvonen voltou às boas exibições pela Ford, numa prova onde o finlandês ainda chegou a liderar, ganhou uma especial cronometrada, apenas não teve “pernas “ para um extra terrestre chamado Ogier, que é de outro mundo. Mikko, que vinha de uma série de maus resultados na época que regressa a “casa”, fez talvez a sua melhor performance desde então. Esperemos que seja para ficar, pois este campeonato precisa de um Hirvonen a dar os paços certos. Sai de Portugal certamente mais motivado para o rally da Argentina. E nós por cá damos-lhe nota positiva. Welcome back Mikko.

M. Ostberg foi o 3º na geral, numa prova que já venceu, depois da vitória na secretaria em 2012, após desclassificação de Hirvonen. O piloto da Citroen nunca conseguiu verdadeiramente ser rápido o suficiente para andar na luta com os homens da frente no 2º dia, adaptando o seu ritmo, e bem. Não correu riscos, aproveitou a saída de estrada de Tanak para subir ao lugar mais baixo do pódio. É sem dúvida o elo mais forte na Citroen, numa época bem acima do que foi a transacta.

A.Mikkelsen aproveitou bem os azares alheios para subir na geral, numa prova que evidenciou a clara inconstância deste piloto, que na nossa opinião está a demorar a evoluir. Já vai na segunda época na equipa principal, com experiência acumulada na época transacta, era de esperar mais deste jovem piloto. Acaba por ter a sorte da prova com este 4º lugar, num rally onde desiludiu. Valeu pela regularidade, e por ter evitado as armadilhas de uma prova muito traiçoeira. É certo que devagar é mais fácil…

H. Solberg regressou ao mundial de rallis, num projecto privado correndo “à rico” com um Fiesta RS WRC completamente despido de patrocinadores. O irmão mais velho de Petter Solberg, fechou o Top 5, marcando aqui e ali um ou outro bom tempo, mas sem regularidade nem ritmo para isso, pois o tempo parado foi algum e a idade avança. Ainda assim, um bom lugar num regresso de saudar.


M. Prokop cumpriu mais um prova nos pontos. Sempre a correr no erro dos adversários, o piloto checo lá vai amealhando uns pontos sempre que pode e que o deixam. Sexto lugar final mais um rally em que pouco ou nada se deu por ele.

T. Neuville foi 7º na geral final, isto depois do primeiro pódio ao volante do I20 WRC no México, desta vez o jovem Belga não conseguiu implementar um bom ritmo e logo desde o início da prova se tinha percebido isso mesmo. Daí para a frente, foi a juventude o Hyundai a dar dores de cabeça, com vários problemas a atrasarem ainda mais Neuville. Muito para crescer, tanto o piloto, como o carro.

J. Hanninen teve imenso problemas no seu Hyundai, desde um embate com uma árvore na SS4 (Almodôvar) em que ficou com problemas na direcção do I20 WRC, e nunca mais seria a mesma coisa. Não mostrou nada de mais, porque as condições não estavam criadas para tal. Um rally cheio de problemas é o saldo final, o 8º lugar um mal menor.

D. Sordo veio provar que o Hyundai I20 WRC pode ser competitivo, ainda esta temporada. Começo cheio de fulgor, vencendo duas especiais de uma assentada, ascendendo mesmo a liderança da prova no 2º dia. Mas a juventude do carro da marca coreana nestes difíceis troços foi decisiva, pois a falta de tração a sair das curvas era evidente e mesmo Sordo se queixou disso. Abandonou já no último dia de prova, com o semi-eixo do seu carro danificado, que impediu um prémio justo ao espanhol, muito acarinhado em Portugal, de conseguir um bom lugar. Seguia em 4º na geral. Sai de Portugal ainda assim com a moral em cima, e cá para nós merecia outro tratamento por parte da marca coreana…Sordo está com “ganas”.

O. Tanak não tem meio de atinar. Não aliar uma relação de rapidez/ consistência mata todas as possibilidades de este estónio, cheio de potencial, fazer brilharetes. Seguia em 3º na geral quando uma saída violenta de estrada destruiu por completo o seu Fiesta RS WRC. Este piloto tem tanto de bom como de “maluco”. A andar assim, arrisca-se a não terminar prova nenhuma, o que é uma pena pois é muito rápido, espectacular, mas manter o carro na estrada…é muito complicado. Assim sendo, Tanak, mais um abandono.

J. M. Latvala voltou a desiludir, após também ter saído de estrada e embatendo forte num morro de terra, numa altura que era 2º da geral, bem próximo da liderança do rally. O finlandês, que chegou a Portugal a 3 pontos da liderança do mundial, deixou fugir assim Ogier rumo a mais um título. Talvez fosse este o único que poderia fazer frente ao francês na luta pelo ceptro, mas a bater assim é muito difícil.


C. Meeke foi que quase nem se deu por ele no rally. Enquanto andou na estrada, foi sempre modesto, não se dando de todo com os troços portugueses, abandonado mais tarde também ele com uma saída de estrada. Valeu Ostberg à Citroen.




E. Evens foi mais um dos azarados da prova, saindo curiosamente no mesmo sítio que C. Meeke, dando até uma fotografia “engraçada” dos dois carros acidentados no mesmo local. Piloto com potencial, mas com muito para aprender também.




R. Kubica começa a ser um habitual nos destaques pela negativa. O polaco simplesmente não acerta uma, (tirando nas árvores que aí acerta em todas), bate, regressa em “rally2” volta a bater, sai de estrada, põe em risco o seu navegador e a ele mesmo. Momento para Kubica repensar, mais do que a sua carreira, mas a sua vida.




Classificação geral final rally de Portugal:






Em WRC2, uma grande e intensa luta pela vitória, que opôs N.Al-Attiyah e J. Ketomaa, com vantagem para o piloto do Qatar, por apenas 11´s, diferença que manteve em aberto até final a vitória. Quanto a Bernardo Sousa, fez 5º na categoria, numa prova cheia de problemas em que este 5º lugar acaba por ser um mal menor para o piloto português, com menos ritmo que os mais rápidos do WRC2. Mostrou-se capaz de no futuro entrar também ele na luta pelos lugares cimeiros.



Classificação geral final WRC2:





Está assim completa a etapa portuguesa do mundial de ralis, com Ogier a ser o grande protagonista no fim desta história. O francês sai de Portugal ainda mais líder, a caminho de mais um título de mundial, já há muito anunciado.

O mundial esta de regresso 8 a 11 de maio na argentina, uma prova sempre munto duro, ao exemplo do que foi em Portugal.

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Até lá…if in doubt flat out!

Fotos:

Aproveitamos o trabalho do Doidos por rally que compilaram muitas e excelentes fotos. Os créditos dos fotógrafos aparecem na maioria das fotos mas se quiserem ver mais passem na página:
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Primeira foto da Página de Facebook In Pole Position F1:
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Carlos Mota

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