Há quem possa dizer que estamos mal habituados no que diz
respeito à qualidade do espectáculo que a F1 tem dado este este ano. Eu
continuo a achar que a F1 tem de manter senão aumentar ainda mais o nível. Mas
o GP da Rússia fez lembrar aquelas corridas em que o vencedor já está anunciado,
ainda a corrida não começou e em que as incidências em nada contribuem para
animar os fãs.
O GP da Rússia ficará na história por vários motivos mas não será com certeza pelo espectáculo que se viu em pista.
Mercedes:
Primeiro objectivo cumprido. O campeonato de construtores já
foi conquistado, sendo o primeiro para os “Silver Arrows”. Uma data histórica, que marca o culminar de
um projecto de 10 anos. Muita coisa mudou na estrutura da equipa desde então,
com a entrada de Toto Wolf e Paddy Lowe a ser determinante para o sucesso
conquistado. Mas nas celebrações não foram esquecidos Aldo Costa e Ross Brawn,
os verdadeiros pais do W05 que mostrou ser de longe o melhor carro. A caminhada
não foi fácil, para além dos problemas de fiabilidade que atormentaram e ainda
atormentam um pouco a equipa, houve a gestão difícil dos pilotos que,
legitimamente, lutam entre si pelo título de pilotos. Nem sempre as situações
foram geridas da melhor forma, mas no geral podemos considerar uma época quase
perfeita da Mercedes. Sim podemos começar a falar disso pois ninguém duvida que
o titulo de pilotos vá parar a outra boxe sem ser a da Mercedes. Hamilton continua
a cavar o fosso em relação a Rosberg, tanto a nível de pontos como a nível de
confiança. 17 pontos ainda é muito pouco para ser considerado uma vantagem real
mas o capital de confiança que Hamilton foi ganhando ao longo do ano fazem dele
agora o favorito. Não foi fácil a época para o britânico mas soube superar
todas as adversidades. Já Rosberg tem falhado muito nas ultimas corridas.
Demasiado para quem quer ser campeão. Desde que foi assobiado no pódio em Spa e
Monza nunca mais foi o mesmo. Fez uma corrida fenomenal com virtualmente um
conjunto de pneus, mas a diferença de andamento do Mercedes para os restantes
foi por demais evidente. No entanto Hamilton continua a ser o favorito.
Williams:
Bottas voltou a provar que podem contar com ele no futuro.
Mais uma corrida excelente do finlandês que mostrou que com um carro melhor
podia estar a lutar por algo mais que um 4º lugar no campeonato. Nunca teve
andamento para os Mercedes mas a verdade é que mais ninguém teve andamento para
ele. Já Massa teve uma corrida complicada com a equipa a arriscar muito na
estratégia com uma paragem muito cedo, que não deu resultados pois o brasileiro
não conseguiu poupar os pneus até ao fim.
McLaren:
O melhor fim de semana desde Melbourne, o que diz bem do ano
da equipa. O carro gostou do desenho e do asfalto da nova pista russa e
conseguiu ser melhor que Ferrari e Red Bull. Jenson Button ainda cheirou o
pódio mas foi surpreendido tal como toda a gente pelo super poupado Rosberg que
fez render os pneus mais que ninguém. Está cada vez mais claro que dispensar
Button neste momento é um desperdício para a equipa e para a F1. Uma decisão
complicada para Ron Den que terá de decidir o line up em breve se é que já não
está decidido. Já agora Alonso disse que não correrá com motores Mercedes no
próximo ano. Sobram os motores Renault cuja melhor equipa já está definida sobrando
a Toro Rosso e a Caterham. Os Motores Ferrari equipam a Sauber e a Marussia.
Tudo equipas que não deverão interessar a Alonso. Sobram os motores Honda.
Somando tudo é fácil de ver qual será o destino do espanhol.
Ferrari:
Mais um fim de semana aquém das expectativas para a
Scuderia. Carro pouco competitivo com a falta de potência do costume. Kimi
passou pela corrida e nem se deu por ele e Alonso teve azar nas boxes com um
problema no "macaco" que eleva o carro, que o fez perder muito tempo na boxe vendo passar Magnussen
para o 5º lugar. Mas no geral a falta de andamento foi clara.
Red Bull:
Corrida também muito apagada dos Bull´s com Ricciardo a
beneficiar da estratégia para passar Vettel. O australiano pediu para que a
equipa tirasse o alemão do caminho, num claro sinal que já se sente o nº1, mas
sem nada a perder a equipa ignorou o pedido e tratou de fazer a “manobra” nas
boxes sem que ninguém reparasse. Vettel também não o iria deixar passar pois
não corre o risco de ser despedido. Pelo discurso de Horner parece que esta
época já está arrumada para equipa e a vontade é seguir em frente. Mas para
isso a Renault terá de puxar pelo cabedal e dar um motor digno desse nome.
Force India:
No duelo improvável com a McLaren ficaram claramente a
perder. A falta de andamento é notória já há várias corridas mas neste fim de
semana as perdas foram maiores. Perez
conseguiu um ponto e Hulkenberg voltou a ficar em branco. A McLaren está a
ficar mais forte nesta ponta final e a Force India poderá ter perdido o 5º
lugar de vez. Mas por culpa própria pois o carro e os pilotos tinham potencial
para mais.
Toro Rosso:
Algo de muito errado aconteceu durante a noite aos carros da
Toro Rosso. Principlamente ao de Kvyat. O jovem russo, a correr perante o seu
publico e com uma bancada em seu nome, esteve surpreendentemente bem na
qualificação mas em corrida foi uma miragem do que costuma ser. Erros a juntar
à falta de competitividade do carro minaram o que podia ser um dia para
relembrar. Vergne fez um pouco melhor do que o russo mas nada de relevante. A
desilusão do dia.
Sauber:
Discurso gasto para a equipa suiça. Falta tudo à equipa.
Carro, evoluções, pilotos até. Fica a prova que a Sauber não conseguirá fazer
qualquer ponto este ano. Não tem capacidade para isso.
Lotus:
Mais um péssimo fim de semana para a equipa de Enstone, com
17º e 18º, e mais dois pontos de penalização atribuídos a Grosjean pelo toque
em Sutil. Será que houve algo positivo neste fim de semana da Lotus? Depende
como correram as festas pois em pista é esquecer e passar à próxima.
Caterham/ Marussia:
O caso do dia foi a desistência de Kobayashi sem que o carro
tivesse qualquer problema aparente. O japonês estava algo incrédulo no final
com a situação. A justificação foi que o motor estava a sobreaquecer. A equipa
tem os recursos muito limitados e a poupança está na ordem do dia. E sem
vontade de comprar mais componentes para os motores resolveram para o japonês que
deve estar bem arrependido de ter voltado à F1. Ericsson… foi mais do mesmo.
Não convence. A Marussia teve de usar todas as forças para reagrupar e esquecer
por um pouco a tragédia de Bianchi. Mas o carro de Chilton resolveu dar
problemas obrigando o britânico a desistir. A correr em casa pela primeira vez
não podiam ter tido uma estreia pior. O que deveria ter sido um dia de festa
foi um dia de tristeza e de pouca sorte.
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