Um desses homens e que tem sido ultimamente muito
referenciado é Adrian Newey, o mágico da Red Bull. Foi dito por alguém que um
piloto médio com um bom carro pode ser campeão mas um piloto bom com um carro
médio não o consegue. E temos o exemplo de Alonso para confirmar esta teoria. A
verdade é que Vettel tem vencido graças ao seu talento mas graças também ao
talento do engenheiro projectista que desde 1988 desenha carros de competição e
cujo sucesso é característica comum a muitos deles.
Cedo começou a trilhar o caminho do sucesso tendo recebido
vários prémios como estudante. Em 1980 quando acabou os estudos, começou a trabalhar logo
no desporto motorizado, sendo empregado pela March. Começou pela Formula 2 como
engenheiro de performance, passando depois para os IndyCar, onde começou a
desenhar os carros. O primeiro carro desenhado pela sua mão conseguiu 7
vitórias, uma delas na famosa Indy 500. Esteve na Indy de 84 a 88 ano em que se
mudou para a Formula 1, também na March. O March 881 de Newey mostrou-se bem
mais competitivo do que o esperado com resultados muito positivos. O seu carro
ficou com o recorde de 88 de carro mais rápido, com motores atmosféricos (não
sendo sombra para os motores turbo da altura).
Com a mudança da March, passando a denominar-se Leyton House
as coisas começaram a crispar-se para Newey, que embora fazendo alguns bons
resultados, foi despedido no final de 1990. Não foi problema para ele pois
Patrick Head, director técnico da Williams tratou logo de assinar contracto com
ele.
A partir daqui a história é conhecida. O domínio dos McLaren
ainda se fez sentir até 91 e a partir dai os avanços tecnológicos colocados nos
Williams fizeram deles carros imbatíveis. A dupla Head/Newey começava a dar
frutos. O Domínio durou 5 anos até que Newey, que queria ser chefe do
departamento técnico mas que não podia uma vez que Head, para além de director
chefe era também accionista da equipa. Isso aliado à vitória dos Benetton no
campeonato levou a um descontentamento crescente que levou à saída de Newey para
a McLaren.
Em 1997 entra para a McLaren, não conseguindo influenciar
muito no rendimento do carro desse ano. Mas o ano seguinte traria mudanças nos
regulamentos, que foram aproveitados por Newey e pela McLaren para vencer o
campeonato de pilotos em 1998 e 99 e o campeonato de construtores de 98. Mas a
falta de fiabilidade levou a que o potencial dos carros fosse mascarado pelas
constantes falhas mecânicas.
Em 2006 depois de cumprir os 6 meses de afastamento
obrigatórios, mudou-se para a Red Bull. Os primeiros anos não foram fáceis e os
resultados demoraram a aparecer mas com a entrada de Vettel a história mudou
radicalmente e desde 2010 que a Red Bull tem dominado a Fórmula 1, aliando o
talento do jovem alemão à mestria do génio britânico.
No entanto nem só de momentos de glória é feita a carreira
de Newey. O ano de 94 foi trágico para todos os fãs da F1 e especialmente para
ele. O mítico Ayrton Senna morria em Imola ao volante de um carro desenhado por
Newey. Foi acusado em tribunal mas foi absolvido no final do processo. Mas é
uma marca profunda que se mantém. O próprio já admitiu que ponderou abandonar a
F1 e que gostava de ter dado a Senna um carro que lhe permitisse lutar por vitórias,
algo que não foi possível nesse ano. Uma dupla Newey / Senna seria capaz de conquistar
o mundo e muito mais.
A história de Newey é, como a de qualquer engenheiro que se
preze, feita de números. E muitos deles são impressionantes. Tem no seu registo 148
vitórias (inclui todos os carros que tiveram a contribuição do britânico)
207 pódios e 10 carros campeões do mundo. São números impressionantes que dizem
bem o contributo que Newey deu à modalidade. A sua capacidade de dar a volta
aos regulamentos é impressionante. Deve ser dos poucos projectistas do mundo a
usar régua e esquadro para trabalhar, abdicando dos avançados programas usados
regularmente.
Sem querer tirar o mérito a tantos outro engenheiros que trabalham arduamente todos os dias para fazer mais e melhor, acho que podemos comparar Newey a outro grande nome... Colin Chapman, o génio fundador da Lotus, que revolucionou a aerodinâmica da F1 e que colocou a Lotus na história da modalidade. Newey é o mais próximo de Chapman que a F1 viu até agora.
Para além de desenhar também compete de vez em quando como
piloto, mas já demonstrou por mais que uma vez que o talento que tem a desenhar
carros é infinitamente maior do que a conduzir os mesmos. Mas já conduziu um
Red Bull desenhado por ele e Horner temeu pela integridade de Newey, uma vez que
ele ia cada vez mais depressa. Tudo
correu bem e no final a Red Bull manteve intacto o seu génio.
Nos últimos dias Adrian Newey disse que já pensa em
retirar-se da F1 para abraçar outros projectos. Quando isso acontecer será uma
perda tremenda para aRed Bull e a F1. É difícil conciliar tanto talento numa
pessoa. Se a Red Bull é dominadora neste momento deve-o também em grande parte a Newey (não querendo
menosprezar o trabalho de tantos outros).
Mais um nome para a galeria dos inesquecíveis da F1.
Mais um nome para a galeria dos inesquecíveis da F1.
Fica aqui o X1, a ideia de Newey do que seria um F1 se não tivesse de se seguir pelos regulamentos, que foi usada para o jogo Gran Turismo:
Newey ao volante do March 881 e do RB6.
Fotos:
retiradas através do google.pt
Fontes:
autosport.com
statsf1.com
f1fanatic.co.uk
redbull.com
Fábio Mendes
Sem comentários:
Enviar um comentário