segunda-feira, 21 de julho de 2014

Formula 1: GP da Alemanha: Destaques. Ninguém pára os Mercedes...

Foi mais uma excelente prova que decorreu em Hockenheim. Sem surpresa um traçado com mais tradição permite uma corrida cheia de acção. E sem surpresa também o nível competitivo está a evoluir favoravelmente. É certo que o domínio dos Flechas de Prata se mantém mas não é menos verdade que a subida de forma da Williams trouxe mais interesse.


A grande novidade para este fim de semana era retirada do FRIC, sistema que equipou a grande maioria dos monolugares e que agora foi banido. Havia muita curiosidade para perceber como os monolugares iriam responder a esta mudança, que se esperava tirasse alguma vantagem aos Mercedes, cujo sistema era o mais desenvolvido. No final, os Mercedes voltaram a vencer e os Williams mostraram argumentos muito interessantes. 

Mercedes:

Não sentiram minimamente a perda do FRIC. O domínio do costume e… o azar do costume também. Hamilton não está isento de culpa por não ocupar neste momento o 1º lugar mas é justo admitir que o britânico não tem sido bafejado pela sorte (recebeu uma prenda em Silverstone, mas logo na corrida seguinte voltou à “realidade”). A saída de pista, por falha nos travões logo na Q1, fazia prever uma corrida difícil, que ficou ainda mais complicada com a penalização por troca de caixa. Sair de 20º e recuperar, mesmo com o melhor carro do grid, é muito complicado. Hamiton voltou a mostrar o seu talento. Foi agressivo e determinado. O seu objectivo era chegar-se a Rosberg e fez tudo para isso. Teve manobras arriscadas e alguns toques, mas às vezes a única forma de subir é com a "faca nos dentes". Lewis fez uma boa prova, e o 3º lugar é mais que merecido. Já Rosberg está numa maré de sorte. Viu a Alemanha ser campeã do mundo, casou, assinou novo contracto e venceu em casa. Se lhe pedirem para definir o que é uma semana perfeita ele dirá que provavelmente será esta que acabou.  Na qualificação teve de se aplicar pois os Williams não facilitaram e na corrida, quase passou despercebido. Largou de primeiro e voou para longe, o que torna as coisas muito mais fáceis ( perguntem a Vettel). Está em grande forma e parece ter a compostura suficiente para lidar com  a pressão. As bolsas de apostas tendem mais para o alemão.


Williams:


Toda a gente esperava que o FW36 começasse a finalmente a apresentar resultados. 3 pódios seguidos não é nada mau. Ter segurado um Mercedes na parte final da corrida ainda melhor. O carro que melhor velocidade em recta apresenta, está agora com um nível de competitividade bem interessante. Mas quem está a mostrar fibra é Bottas. O finlandês não é o mais popular em pista e bem ao estilo escandinavo é frio. Mas em pista essa frieza mostra-se muito útil. A forma como segurou Hamilton é prova disso. Nunca perdeu o norte e sempre soube colocar o carro. Aos poucos vai conquistando fãs e por certo a estrutura Williams. Uma agradável surpresa. No lote dos azarados, Massa está no topo. Já é a 3ª vez que se vê envolvido em acidentes aparatosos, em que não tem culpa. Quando o azar lhe dá tréguas, mostra que tem capacidade para voltar a ser o “velho Massa”. Mas até lá tem de penar e passar por cada obstáculo. Se há quem não tem vida fácil no grid é ele. Mas no geral a Williams é agora “a melhor do resto” e a equipa a bater por parte dos concorrentes. Mercedes estão numa liga à parte.


Red Bull:


Vettel 4º e Ricciardo 6º no papel não seria mau de todo. Mas a equipa que surpreendeu tudo e todos no inicio do ano, com um carro que passou de uma “carcaça” a um carro capaz de dar bons resultados está a desiludir. A evolução do RB10 está a ser lenta e penosa. O motor Renault não ajuda muito também. Mas a gritante falta de “pulmão “ nas rectas é um "handicap" sério, para quem tem de lutar para subir posições. Se antes essa questão não se colocava, pois a pole garante potencialmente o melhor lugar para se estar numa corrida (o 1º), quando isso não acontece, o Red Bull sente muito a falta de velocidade de ponta.  Para além disso, parecem ter sido a equipa que mais sentiu a retirada do FRIC. As faíscas que se viram debaixo do nariz do carro de Ricciardo podem ser um indicador. Ricciardo tentou mas não conseguiu passar por Alonso (não será o primeiro a queixar-se disso) e Vettel mostrou que está num momento psicológico menos bom. Irritadiço e em baixo, o alemão não estava habituado a ser figura de 2º plano e isso deve doer no ego do campeão em titulo, que correu em casa e terá sentido um pouco a "sombra" de Rosberg. Será a Red Bull capaz de melhorar? Depende muito também do que a Renault conseguir fazer.

 Ferrari:
 

Pelos vistos os ponteiros já estão virados para 2015. O motor não cumpre com as exigências e terá de ser substituído por uma versão melhorada. Como tal as aspirações para este ano deverão ser curtas. Kimi continua com dificuldades em entender o F14T e não encontrar um Set up correcto para o seu estilo de condução. Já Alonso mantém o rendimento do costume. Se lhe derem um tractor ele é capaz de o colocar nos pontos. A qualidade do espanhol só por si garante pontos. Resta saber se Alonso se mantém para o ano e se Kimi arranja vontade de dar a volta à situação ou se prefere sair. Há muita coisa por definir na Scuderia. Uma coisa está definida. Este ano será mais um fracasso.


Force India:


Mantêm se a frente da McLaren no campeonato e muito graças a Hulkenberg. O alemão esteve mais uma vez muito bem, fazendo render a estratégia de 2 paragens. O carro precisa de melhorias e pode ser que o verão lhe faça bem. Os "Force" deixaram de ser o carro mais rápido em recta, como era habitual e o único ponto forte neste momento é a boa gestão de pneus. É um monolugar equilibrado é certo, mas falta lhe algo mais. Algo que poderia fazer chegar às lutas com Ferrari Red Bull e McLaren. Fraca corrida de Perez . Ele que era conhecido por fazer durar a borracha mais que os outros, não conseguiu fazer isso ontem. Já esteve no pódio é certo mas Hulkenberg tem sido o grande responsável pela boa época da Force India. Perez continua a mostrar pouco para o que pode fazer. Tanto talento e tão pouca cabeça. Sobre Hulkneberg está tudo dito. É bom e ninguém precisa de dizer mais nada.

McLaren:


Button fez por recuperar algumas posições, depois de uma fraca qualificação, acabando em 8º. O britânico queixou se da estratégia, que não foi a melhor. Button não conseguiu segurar ninguém e deve ter o pescoço dorido de tanto olhar para o espelho. O MP4/29  precisa de melhorar muito. Magnussen por seu lado viu-se envolvido no toque com Massa (sem culpa) e teve de fazer uma corrida de trás para a frente. Ele que esteve a 10 segundos do último, acabou em 9º! Uma excelente corrida do dinamarquês que passou um pouco despercebida na tv. Mas recuperar assim é de piloto. Este sim e o Magnussen que todos querem ver.


Lotus:


Mais uma desistência para a Lotus, que deve ter estar num campeonato com a Sauber para ver quem desiste mais vezes.  Os problemas continuam e nada parece resolver a situação. Por certo a Lotus quererá passar já para 2015. A equipa sentiu muito a perda do FRIC. E se já antes o carro era fraco imaginem agora. Gorsjean começa a desesperar, pois com o carro parado não consegue mostrar serviço e como tal convecer outras equipas a proporem contracto. Já Maldonado em 12º foi mais do mesmo… Nada de mais. Mesmo assim tem lugar assegurado para 2015. O dinheiro não traz felicidade? Perguntem ao Pastor.


Toro Rosso:


Kvyat teve um dia para esquecer. Começou bem a corrida mas, por algum motivo, perdeu a frieza que o caracterizava. Viu se envolvido num acidente evitável, naquele que poderá ter sido o seu primeiro erro de rookie este ano. Fechar a trajectória quando ia passar Perez mostra imaturidade, algo que nunca ninguém lhe tinha apontado até agora. Para piorar viu o seu Toro Rosso arder devido a uma fuga de óleo.  Vergne por seu lado, teve um "stop&go" por ter ultrapassado os limites da pista e ter beneficiado disso, numa luta com Grosjean e como tal a sua corrida ficou arruinada. 13º foi o melhor que pôde fazer... e Helmut Marko não deve ter gostado muito.


Sauber:


Mais uma desistência. O acelerador de Sutil foi possuído por uma força estranha que, ora retirava qualquer aceleração, ora dava aceleração máxima, o que provocou o pião na última curva. Já Gutierrez… pouco ou nada mostrou. O costume portanto. O objectivo agora é fazer melhor que a Marussia. Está tudo dito portanto.





Marussia/ Caterham:


Bianchi teve um inicio terrível. Ficou para trás na largada e perdeu muitas posições. Ainda assim foi capaz de passar o seu companheiro de equipa e os dois Caterham´s e acabar em 15º. Este jovem quando estiver num carro à sério vai brilhar muito. Kobayashi foi mais uma vez o melhor da Caterham e a dupla Ericsson /Chilton mostraram que entendem bem Maldonado, no que diz respeito a garantir o lugar pela força do dinheiro. Há muito melhor nas reservas de qualquer equipa do grid.


Ultrapassagens:


Muitos se queixaram (e com razão) que a F1 tinha poucas ultrapassagens. Depois do recital em Silverstone, Hockenheim foi também um prato de cheio de manobras excelentes. É raro ver 3 carros de F1 lado a lado e ontem vimos isso por 3 ou 4 vezes. Pode não se gostar do som, da forma dos carros, dos motores, mas que esta F1 está emocionante e interessante ninguém pode dizer o contrário.

Público:


Sintomático. Uma corrida de F1 teve 50 000 pessoas a ver ao vivo enquanto em Nurburgring 100000 se juntavam para ver uma corrida de camiões. Se o espectáculo agora está bom e recomenda-se o que se passa? Será que a teimosia de Bernie Ecclestone em não apostar nas plataformas de informação digital, tal como a internet está agora a pagar o preço?




Incidentes:


Muitos incidentes este ano. Muita “chapa batida” e muito carro de rodas para o ar. Já há algum tempo que não tínhamos um ano tão acidentado. Mas felizmente os ferimentos foram mínimos. Sinal que a segurança funciona e bem. Mas é tempo de rever a matéria e pensar bem se querem ou não que os travões continuem a falhar. Já é a 9ª vez este ano. Começa a ser preocupante.





Próxima corrida já no próximo fim de semana na Hungria. Tudo para seguir no nosso blog.



Fotos:
retiradas do facebook das equipas


Fábio Mendes


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