foto: Getty Images |
Hoje foi oficializado aquilo que já há muito tempo se
desconfiava: Luca di Montezemolo vai abandonar o cargo de presidente da
Ferrari.
Não achamos estranho esse facto, até porque 23 anos como
presidente de uma empresa, que é aquilo que a Ferrari é, será motivo de festa. O
que nos levanta grandes dúvidas, pelo menos a mim, é o facto de no passado fim-de-semana,
Montezemolo falar aos jornalistas e negar por completo os rumores do seu
afastamento. Para além de ter confirmado a mesma dupla de pilotos, escolhida
por ele, para 2015.
Fernando Alonso mudou-se da Renault para a Ferrari em 2010,
substituindo Kimi Raikkönen, que por sinal foi o último campeão da Scuderia, em
2008. Para este ano, Montezemolo decidiu gastar mais dinheiro, mas ficar com Fernando
Alonso, acenando-lhe com um possível campeonato do Mundo de pilotos e contratar
o Iceman, o último grande campeão do construtor. Foi uma jogada de mestre,
arriscada, mas de mestre. O objectivo era bater a hegemonia da Red Bull e não
deixar que equipas como a Mercedes, com um grande orçamento para a temporada e
a Mclaren, que está em fase de reconstrução, se chegassem à frente.
foto in:http://forums.autosport.com/topic/192992-ferrari-f14-t-part-iii/page-61 |
O italiano deu um tiro no pé: o chassis é fraco, o motor
arrasta-se, tal como os anos anteriores e da dupla de pilotos, Alonso é o único
que tem conseguido tirar partido do pouco carro que tem. Kimi começou mal e
dizem alguns entendidos, que esteve muito perto de sair, não se entendendo com o
seu engenheiro de corrida. A época corre mal, porque muitos dos engenheiros que
trabalhavam na Ferrari, ou foram contratados directamente por outras equipas,
como o caso da Williams e da Mclaren, ou foram despedidos pelo presidente da Ferrari,
que tinha mão na gestão diária da equipa, deixando o director da altura,
Stefano Domenicali, quase só com a gestão em corrida. Diz-se que Domenicali
saiu, saturado com os despedimentos de elementos, com a qual ele não
concordava, como é o caso do engenheiro italiano Luca Marmorini.
foto:EPA |
Foi nessa altura
que, na minha opinião, que Montezemolo bateu no fundo, substituindo Domenicali por
Marco Mattiacci. Domenicali entrou para a Ferrari logo que terminou o curso superior,
em 1991 e logo em 1992, foi director de Mugello, tendo contacto directo com o
MotoGP e DTM. Em 1995 entrou para o ramo desportivo da Ferrari, ou seja, esteve
quase sempre envolvido em questões desportivas, dedicando a sua vida
profissional à Ferrari.
Mattiacci, por seu
lado, nunca tinha tido estado integrado no aspecto desportivo da marca, mas
sim, na via comercial. Foi CEO da Ferrari América do Norte até ser escolhido
por Montezemolo para directo técnico da Scuderia Ferrari. Seria muito bem
escolhido, se o objectivo fosse vender carros de F1 aos milionários fanáticos
espalhados pelo Mundo inteiro.
Como é óbvio, as
vozes de descontentamento e aqueles que já estavam contra Luca di Montezemolo,
como Sergio
Marchionne, CEO da FIAT, dona da Ferrari, levantaram-se e
contestaram as escolhas e os resultados obtidos pela Scuderia.
foto: Eman Bonnici |
A Ferrari sempre foi
mais do que um constructor de carros de estrada. Enzo Ferrari criou a Scuderia Ferrari antes da marca de automóveis Ferrari e depois de perder o filho mais
velho, perdeu um “outro filho", Gilles Villeneuve em competição. Desde o
nascimento da marca, que os resultados desportivos contam muito mais que as
vendas de carros.
Montezemolo não percebeu isso?
Marchionne utilizou esse facto
para conseguir o apoio necessário para afastar o então presidente da Ferrari.
Diz-se que até Piero Ferrari, o único filho de Enzo ainda vivo e dono de 10% da
empresa, esteve de acordo com o afastamento de Montezemolo.
Falta saber agora,
quem substituirá Marco Mattiacci, já que não acreditamos que continue em 2015
na Scuderia e se Sergio Marchionne, que fica na presidência da Ferrari por
agora, continuará a acumular as duas funções administrativas.
A outra dúvida é, a
dupla que foi confirmada anteriormente, Alonso e Raikkönen, vai continuar para
o ano?
Pedro Mendes
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