A Fórmula 1 já viveu dias melhores e infelizmente começa a
perder algum terreno para outras modalidades. É certo que continua a ser um dos
desportos motorizados mais vistos em todo o mundo, que é o desporto
tecnologicamente mais avançado e que as inovações que são usadas nos
monolugares poderão de alguma forma serem úteis para o nosso dia-a-dia. A F1 é ciência
em constante evolução, a uma velocidade estonteante. Mas ainda assim a F1 parece
começar a perder o interesse. O porquê desse fenómeno?
Razão 1: Os Pilotos.
Já o referimos algumas vezes mas teremos de o fazer de novo.
Os pilotos de hoje em dia são muito diferentes dos que fizeram, no passado, a
F1 crescer. O carisma, o carácter, a forma de estar dos pilotos agora é
diferente. São máquinas eficientes, que levam a vida completamente dedicada ao
desporto, cujo único objectivo e dar o máximo nas corridas. Não os devemos
culpar, pois o desporto evoluiu assim e quem não o fizer está condenado ao
fracasso. Mas falta uma vertente mais humana ao desporto. Algo que Kimi faz ou
até mesmo Webber faz. A espontaneidade, a honestidade. E também já não há rivalidades
como havia no passado. O sal e a pimenta do desporto. A F1 está demasiado
politicamente correcta começando pelos pilotos.
Sempre foi o calcanhar de Aquiles da F1. A evolução é a palavra
de ordem da F1. Os carros agora são maravilhas tecnológicas, que desafiam todos
os limites. Mas a evolução vem com um preço. Basta lembrar a Ferrari dos tempos
de Schumacher ou a Red Bull de Vettel. O domínio do carro é tal que as pessoas desconfiam do
talento dos pilotos. Ninguém duvida que Vettel, noutro carro, não teria um domínio
tão avassalador. Mas será justo diminuir desta forma o seu talento? É óbvio que
as pessoas gostam da parte tecnológica do desporto (acho que essa parte é
fenomenal mas tende a ser menosprezada), mas o que verdadeiramente interessa é
o confronto dos pilotos. O confronto de estilos, de talentos. O espírito mais
primitivo da competição, em que os homens lutam entre si e os carros apenas são
meras ferramentas. Esse sempre foi o grande trunfo da F1 e que com a “falta de
sal” dos pilotos, juntamente com a enorme evolução dos carros, se tem esfumado
nos últimos tempos.
E a evolução dos carros é muito cara. O que leva a que
apenas as equipas com mais dinheiro possam ter capacidade de lutar por
vitórias.
E tudo isto leva a maioria a desacreditar no desporto.
Afinal é só por causa do carro que ele venceu. Quando o lado mais humano do
desporto é desvalorizado, as pessoas tem tendência a dar menos valor ao desporto.
Como toda a F1 é uma questão de tecnologia e inovação, quem
tiver mais dinheiro para evoluir mais facilmente vencerá. E isso levou as
equipas a gastar fortunas. O que faz com que agora o desporto seja muito difícil
de gerir. Afinal a crise que afecta o mundo há quase 10 anos, também se faz
sentir no mundo rico da F1. Além das grande equipas terem mais dificuldades em
financiarem-se, as pequenas equipas lutam diariamente para sobreviver. E isso
leva a que se crie um fosso muito grande entre os ricos e os menos ricos do
Paddock, o que origina uma queda da competitividade.
Outro problema, que a falta de dinheiro (ou o gasto exagerado) implica, é o uso de cada vez mais pilotos pagantes, que mesmo sem ponta de talento para conduzir um F1, vão se mantendo no desporto apenas porque tem bolsos fundos e cheios de notas. E a F1 deveria ter apenas os melhores. A Modalidade nº1 do automobilismo devia ter apenas os mais talentosos. Mas hoje em dia isso não acontece, pois por vezes o talento é secundário e o dinheiro é que abre as portas. Só assim se explica que Hulkenberg não seja piloto da Lotus neste momento e que seja Maldonado o escolhido.
Outro problema, que a falta de dinheiro (ou o gasto exagerado) implica, é o uso de cada vez mais pilotos pagantes, que mesmo sem ponta de talento para conduzir um F1, vão se mantendo no desporto apenas porque tem bolsos fundos e cheios de notas. E a F1 deveria ter apenas os melhores. A Modalidade nº1 do automobilismo devia ter apenas os mais talentosos. Mas hoje em dia isso não acontece, pois por vezes o talento é secundário e o dinheiro é que abre as portas. Só assim se explica que Hulkenberg não seja piloto da Lotus neste momento e que seja Maldonado o escolhido.
Além disso há muitos interesses no desporto. Bernie Ecclestone tem demasiado poder e a sua visão não tem favorecido em nada a F1. A busca incessante de dinheiro, para que não fique a perder ( ele e os seus amigos), levou a erros que custaram bastante à modalidade. Ir para o Bahrain, onde as condições politicas e sociais são conhecidas e onde o povo não queria a prova no seu território, diz bem do que Bernie é capaz de fazer por um bom lucro.
Razão 4: O afastamento do público.
Penso ser esta a razão maior para o declínio que se vive. Os
problemas acima mencionados sempre foram uma constante ao longo da vida da F1.
Mas se o grande circo já era um mundo elitista, ultimamente isso faz-se sentir
cada vez mais. O público é cada vez mais posto de parte. Sim temos conferências de imprensa, entrevistas, vídeos de tudo que se passa. Mas falta algo. Por exemplo, o facto
de a FIA não autorizar os famosos “donuts”. Para o público é muito bom ver o
piloto festejar. O festejo mistura o som do motor, o fumo dos pneus queimados,
o movimento do carro. Tudo que procuramos numa corrida, ali concentrado num
momento. Mas por vontade da FIA isso nunca aconteceria. Segurança, dizem eles.
Ok somos a favor da segurança e não queremos que isso seja posto em causa. Mas
caramba uns simples donuts vão matar alguém?
Este é apenas um exemplo do que se
passa. Outro exemplo é o esquecimento de pistas fantásticas e com muita história, para que possam existir corridas em outros países onde o dinheiro flui com mais
força. Mas será que essas pistas têm a qualidade para nos dar boas corridas? Pelo
que se tem visto não.
Cada vez mais a F1 servida de maneira fria, tanto pela FIA, como pelas equipas e pilotos. A Lotus durante esta época deu uma receita para as equipas ultrapassarem esse vazio. Original, com poucos custos e onde a adesão dos fãs foi grande.
Cada vez mais a F1 servida de maneira fria, tanto pela FIA, como pelas equipas e pilotos. A Lotus durante esta época deu uma receita para as equipas ultrapassarem esse vazio. Original, com poucos custos e onde a adesão dos fãs foi grande.
Mas o maior problema é a
transmissão das corridas. Antigamente a malta via a F1 em canal aberto. Todos
viam, ou davam uma vista de olhos ao que se passava. Desde que a grande maioria
dos países passou a transmitir as corridas em canal fechado, os fãs foram
abandonado e apenas os apaixonados se mantiveram e tentam ver as corridas.
Perderam-se muitos adeptos com as transmissões em canal fechado.
As pessoas querem entretenimento de acesso fácil. Se para ver uma corrida tenho de me levantar as 6 da manhã, ( o que tem de ser... ninguém tem culpa dos fusos horários) e das duas uma, ou pago uma fortuna por um serviço de televisão, ou sujeito me a uma transmissão com menos qualidade por outros meios, a vontade da maioria diminui e muito. É preciso gostar mesmo para se sujeitar a isso. Não era melhor transmitir em canal aberto para que quem goste veja e quem não gosta tanto tenha possibilidade de ver também e passar a gostar?
As pessoas querem entretenimento de acesso fácil. Se para ver uma corrida tenho de me levantar as 6 da manhã, ( o que tem de ser... ninguém tem culpa dos fusos horários) e das duas uma, ou pago uma fortuna por um serviço de televisão, ou sujeito me a uma transmissão com menos qualidade por outros meios, a vontade da maioria diminui e muito. É preciso gostar mesmo para se sujeitar a isso. Não era melhor transmitir em canal aberto para que quem goste veja e quem não gosta tanto tenha possibilidade de ver também e passar a gostar?
É preciso que os fãs
voltem em força para a F1. Havendo mais fãs haverá mais vontade de
patrocinadores entrarem. Mais patrocinadores, implica mais dinheiro para a
modalidade. Mais dinheiro poderá implicar que a modalidade volte a ser
competitiva, pois mais equipas poderão melhorar e aproximarem se dos grandes do
paddock.
Como fazer isso? Dar liberdade de expressão aos pilotos, proporcionar corridas emocionantes com final inesperado, e permitir que o publico tenha acesso fácil a tudo isto.
A F1 sempre esteve no fio da navalha no que diz respeito ao
seu sucesso, mas de uma maneira ou outra sempre foi conseguindo uma larga
franja de adeptos. Mas é necessário que sejam pensadas soluções para que volte
a existir uma F1 à antiga. Emocionante, que cativa as pessoas, com história,
com surpresas e acima de tudo acessível a todos. Só assim o futuro poderá estar garantido.
Fábio Mendes
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