Ao
longo dos anos fomos vendo vários pilotos de diversas nacionalidades a serem
campeões do mundo, em diferentes vertentes dos desportos motorizados. Alguns
que não o chegaram a ser, foram ainda assim aposta das grandes marcas, ou de
grandes equipas, com grandes estruturas montadas em volta dos mesmos, mas por
uma ou outra razão, não atingiram os “louros”. Mas o curioso é que nunca um
português teve esse estatuto de grande piloto, que tenha ficada para a
história, por um título marcante, ou ter corrido numa equipa de grande
ambições. Porque sejamos sinceros, o que malta queria, era um campeão do mundo
de Formula 1, ou mesmo de ter um homem nos lugares cimeiros no WRC, ou um
piloto vencer num grande prémio de Moto GP. Nunca tivemos.
Outros
feitos formam atingidos, sim. E com grande mérito por parte de nossos
compatriotas, mas a verdade é que mesmo vencendo nunca foram tratados como tal.
Campeões. Vamos a nomes.
Talvez
o Todo Terreno tenha sido a área dos “motorsport” em que tenhamos tido mais
sucesso. Por exemplo Carlos Sousa que em 2003 se sagrou Campeão da Taça do
Mundo de Todo-o-Terreno e da Taça FIA de Pilotos de Bajas, mas na prova rainha,
o Dakar, nunca fora além de um 4º lugar final, sendo sempre visto dentro da
marca nipónica Mitsubishi como o “elo mais fraco”.
Hélder
Rodrigues, o primeiro português a sagrar-se campeão Mundial de Todo o Terreno
na vertente de Motos, também nunca viu o seu valor ser reconhecido, pois o
material que dispõe para um Dakar não é suficientemente competitivo para vencer
a “tal prova”. Ainda nas motos de TT, Ruben Faria, teve que este ano “ceder” a
vitória no Dakar a Cyril Despres, chefe de fila…
Nas
pistas, a história é a mesma. Ao longo dos anos vamos vendo pilotos crescer,
com qualidade, a baterem-se com os melhores nas diversas etapas de formação de
pilotos e…ficam por ai. Não conseguem atingir o topo, porque falham os apoios,
falham os investidores, e quando há um lugar…os portugueses não o agarram.
Pedro
Lamy, quanto a mim o melhor piloto português de se sempre (para já), é um
exemplo. Talvez tenha passado ao lado de uma grande carreira. Não é que a sua
carreira seja de desprezar, muito pelo contrário, mas com a qualidade
demonstrada, podia muito bem ter sido um piloto de grande relevo no panorama
mundial. Com diversos títulos nas “fórmulas”, Lamy chegou a Formula 1 pela mão
da Minardi. Óbvio que nada podia fazer com o carro que dispunha, mas
também não lhe foi dada a oportunidade de competir com uma melhor “carcaça”.
Dai para a frente, andou pelos Turismos e GT´S, tornando-se um piloto
referência nessas áreas. A ida para a Peugeot para as 24h de Le Mans, levou-o a
ser 2º na mítica prova, mas o português nunca foi reconhecido pela marca
francesa, sendo sempre um dos pilotos com menos minutos em pista. Saiu pela
porta pequena. Hoje corre em categorias mais baixas nos GT´S. Muito pouco para
o seu enorme talento.
Também
no grande circo, Tiago Monteiro andou por lá. Sem um carro muito competitivo
também, mas que fez dele o melhor representante português na F1 de todos os
tempos. Dois anos mundial de F1, um pódio (na famosa corrida a 6 em
Indianápolis). Nesse mesmo ano e em condições normais de corrida Monteiro faz
10º e consegue mais 1 ponto no mundial, batendo no braço diversos pilotos com
melhores máquinas. Foi no circuito de Spa na Bélgica, debaixo de um diluvio que
conseguiu tal milagre, visto que o seu Jordan era uma autêntica “lesma” em
pista. Termina o ano como melhor “rookie”. Na segunda época, mudou-se o nome da
equipa, as cores, mas o carro era igual…fraquinho. Monteiro perde o lugar para
um tal Adrian Sutil fazendo dupla com Albers, que nunca tinha sido mais rápido
que Monteiro nos dois últimos anos…
Também
nas pistas, Albuquerque, Parente ou mesmo Campaniço, todos eles pilotos de
grande qualidade, sempre pela mesma razão não atingiram o nível que se esperava
face as suas potencialidades.
Nos
ralis também há historias. Armindo Araújo andou 2 anos de Mini…bom, tentou
andar. Um projecto montado em volta de uma marca oficial, que andava menos que
um carro Mini privado?! Verdade, o português levou gato por lebre e seria
difícil fazer melhor. Valeu os títulos de PWRC que lhe valeram a distinção de
piloto do ano WRC em 2010. Hoje em dia, diverte-se a fazer enduro…está sem
assento para competir.
Por
estas e por outras pergunto eu, ser português é um defeito?
António
Félix da Costa e Miguel Oliveira têm a oportunidade de mudar esta resposta. Mas
enquanto isso não acontece…ser português é de facto um defeito.
Carlos Mota
Estou completamente de acordo
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