O final do GP da Itália teve no pódio o inevitável Sebastian
Vettel. Até aqui nada de novo. O que se passou quando o alemão subiu ao pódio e
recebeu o troféu é que merece destaque. Não é todos os dias que um tri campeão
do mundo é apupado por milhares, depois de ter feito mais uma corrida perfeita
e ter dominado os acontecimentos de início a fim, algo recorrente.
É verdade que o domínio de Seb é gigantesco, tendo já
igualado o nº de vitórias de Alonso com quase metade dos GP´s do espanhol.
Ainda mais verdade que quem perde com isso é o desporto, pois não é bom para
ninguém que a corrida tenha um vencedor à partida e que essa previsão se
verifique correcta quando cai a bandeira de xadrez.
Será Justo este tratamento?
Mas será justo culpar Vettel por isso? Será que o campeão
alemão merece ser assobiado por ser o melhor neste momento?
Podemos gostar mais ou menos do caracter do piloto, do seu
estilo, da sua forma de estar fora das pistas, das suas atitudes, mas não lhe
podemos negar algo que está à vista de todos. O seu talento. Somos sinceros,
aqui no Chicane o alemão também não é o nosso piloto favorito. Mas não podemos
negar que é um excelente piloto.
Podem dizer que está numa posição privilegiada, pois está
numa excelente equipa e tem um carro fantástico. É verdade. Mas não deixa de
ser verdade que com aproximadamente o mesmo material Webber, que também é muito
bom não conseguiu impor-se nem na equipa nem no campeonato. Vettel passou pelo
programa jovem da Red Bull. Passou pela Toro Rosso onde ganhou pela primeira
vez. Vettel pode ter muitos defeitos e ter muita sorte, mas lutou pelo lugar
que tem neste momento e desde que o agarrou não o tem largado. Ele que não se
limita a gerir as corridas. Muitas são as vezes que o seu engenheiro lhe pede
para baixar o ritmo, ao que ele responde com uma volta mais rápida. E isto já
aconteceu numerosas vezes.
O alemão está a ter o mesmo tratamento que Schumacher teve
nos seus tempos áureos (outro piloto que admitimos não é dos nosso favoritos).
Mas Schumacher saiu de uma Benetton vencedora e juntamente com Brawn, fez da
Ferrari uma equipa dominadora, tendo passado por muito antes de o conseguir. Não
foi fácil a vida do Barão Vermelho na Scuderia nos primeiros anos, ele que já
era bicampeão pela Benetton. Teve de ver Hill, Villeneuve, e Hakkinen por 2
vezes sagrarem-se campeões (de 1996 a 2000) até conseguir vencer de novo. Será
justo tirar lhe o valor pelo trabalho realizado nesses 4 anos? É verdade que a
sua hegemonia foi de certa forma prejudicial para o desporto, mas pode se
culpar um homem com sede de vitórias? Ou será que as outras equipas que não fazem
um trabalho equivalente não têm culpa também?
Podem nos dizer que ambos os germânicos tiveram
comportamentos menos correctos em pista e que isso os favoreceu ( desde o caso
Multi 21 que a popularidade de Vettel caiu). É verdade. Mas não é menos verdade
que grandes campeões do passado e idolatrados por muitos também tiveram
comportamentos menos próprios. Senna bateu deliberadamente contra Prost para
ganhar o campeonato. Prost já tinha feito o mesmo a Senna. Podemos ver que
quase todos os grandes pilotos tiveram atitudes menos correctas. Fruto de quê?
Da fome de títulos, da sede de vitórias. Pessoas para quem vencer não é uma
opção. É uma obrigatoriedade.
O mesmo se passava com Schumacher e o mesmo se passa com
Vettel. Lutaram para chegar a uma posição vencedora, conseguiram vencer e por
mais de uma vez. Se não gostamos do piloto podemos reservar-nos o direito de
não aplaudir. Mas pessoas são livres de exprimirem a sua opinião. E assobiar é
uma forma de se exprimirem. Não somos contra isso. Longe disso. Mas não nos
parece justo assobiar quem chegou ao topo e assim se mantém, apenas porque os
outros não foram capazes de acompanhar o seu ritmo. Porque chegar ao topo é difícil. Manter-se lá é ainda mais.
Fábio Mendes
Fábio Mendes
Sem comentários:
Enviar um comentário