Foto: Red Bull |
A F1 está a ferver. A luta interna na Mercedes está a encher
os meios de comunicação da especialidade. Cada notícia sai como pães quentes. É
normal. A F1 andava órfã de uma rivalidade assim há demasiado tempo. Ainda bem
que temos esta novela. Mas há outra noticia que não é tão positiva para a
modalidade, pelo menos é essa a minha opinião. Max Verstappen vai ser piloto
Toro Rosso com 17 anos.
Este ano tivemos a entrada de Kvyat, também para a Toro
Rosso. Um jovem que saltou directamente do GP3 para a F1. Os resultados têm
sido positivos e Danill tem sido em certas alturas melhor que o mais experiente
Vergne. Mas Kvyat tem 20 anos.
foto retirada de kartcom.com |
2 anos em competição é muita coisa e Max, apenas há dois
anos atrás corria nos Karts. Ou seja em 3 anos vai passar da escola para o topo
do desporto motorizado. Quanto a mim parece me demasiado precoce.
Antes de mais, não me quero juntar aos "velhos do Restelo" que
criticam tudo o que se faz na F1. Já há demasiada gente a falar mal e fazer mal
à F1. Nós como fãs que assumimos a responsabilidade de passar aos outros um
pouco da nossa paixão, devemos tentar mostrar o melhor, não deixando de apontar
os erros como é óbvio. E este parece me um erro.
Primeiro, o vírus que corria noutros desportos está a
alastrar à F1. Não tarda, temos olheiros nos berçários dos hospitais a fazer
uma lista de potenciais pilotos, baseado na forma como seguram na chupeta. Não
faz sentido nenhum queimar etapas, mais ainda num desporto tão exigente como a
F1. Ou será que já não é exigente?
foto retirada de gpupdate.net |
Surgiu entre os pilotos veteranos uma afirmação curiosa que
vem sendo repetida mas que agora toma uma nova dimensão e até a mim me fez
pensar… A F1 está demasiado fácil. Se um miúdo de 16 anos que há pouco tempo
conduzia karts diz que a única coisa que se tem de habituar é a velocidade que
é diferente… é motivo para nos deixar perplexos. Vettel disse que se “borrou”
todo a primeira vez que conduziu um F1. Agora este jovem diz que não há
problema nenhum. Há algo que deve ser repensado então. Se estamos a falar da
categoria rainha também de ser rainha na dificuldade. E se os carros são
considerados fáceis de conduzir, façam o favor de dificultar a vida aos
pilotos, pois queremos saber quem é o melhor. Este ano foi dado um bom passo, que foi diminuir o apoio aerodinâmico (duramente criticado pelos fãs). Mas é preciso fazer mais pelos vistos.
Faça-se e devolva-se a F1 ao lugar onde pertence.
Mas há um problema ainda maior que esse.
foto: telegraph.co.uk |
A Red Bull Junior Team e a forma como lida com os pilotos
começa a ser um dos nosso pequenos ódios de estimação. Primeiro porque
aldrabaram um português. Segundo porque já não é a primeira vez que desperdiçam
talento. Terceiro, porque agora pegaram na moda dos jovens talentos e começaram
a aplicar à F1. Cabe na cabeça de alguém dar tempo num carro de F1 a um miúdo,
numa demonstração nas ruas da sua terra? A experiencia não se ganha a fazer
donuts e burn out´s. Ganha-se nas lutas “no braço” com adversários, na garagem
com os engenheiros, sozinho lidando com os próprios erros. Isto começa a soar a
folclore. E como disse acima os erros pagam-se caros. Max por muito talento que
venha a mostrar quando entrar no grid no primeiro GP será ainda o miúdo que se
espetou contra um muro numa demonstração. É um titulo algo pesado para um miúdo
que havia de chegar com a “ficha limpa”.
Não duvido que ele possa vir a surpreender e a ser um futuro
campeão. Não coloco a minima dúvida em relação ao seu talento. Apenas receio que esse possa ser desperdiçado por outros factores. Sou defensor que no desporto, como na vida, as coisas levam o seu
tempo e tentar apressar as coisas raramente dá bom resultado. Para bem de Max,
dos fãs e da modalidade espero estar enganado.
Fábio Mendes
Vamos ver no que vai dar.
ResponderEliminarA Red Bull normalmente acerta nas escolhas dos pilotos juniores para as suas equipas de F1 (Ex. Vettel, Daniel e Kvyat)
Quanto à idade do Verstappen: diz-se normalmente no desporto que não há BI, mas sim talento e competência.
Se se usa este chavão para atletas mais velhos, também o podemos usar para os mais novos.
Abraços a todos.
Nuno Batista