quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Ferrari & McLaren: o porquê de uma época tão fraca?

foto: XPB Images
Saiu hoje, na Sky Sports F1 um artigo interessante sobre o porquê da fraca época da Ferrari e mais ainda da McLaren. É sabido que são duas das maiores equipas do grande circo e que os orçamentos que usam a cada ano coloca a fasquia, no mínimo, para a luta pelo titulo. Acontece que este ano, ambas as equipas ficaram longe desse objectivo mínimo e aliás, acumularam resultados desapontantes. Neste aspecto a McLaren desiludiu mais do que a Ferrari. O que falhou então?





foto: XPB Images
Começando pela Ferrari, o caso "menos" grave dos dois. Os novos regulamentos implicam novas filosofias para os carros. Era por causa disso que estávamos entusiasmados este ano em relação a estes regulamentos,, pois iríamos ver carros substancialmente diferentes e ideias novas. A filosofia por detrás do F14T é pura e simplesmente apoio aerodinâmico. Todo o carro foi pensado para gerar muito apoio, bem ao estilo dos Red Bull. Acontece que para o carro atingir os níveis projectados houve uma componente que perdeu. O motor. Foi pedido aos engenheiros para optimizar o desenho aerodinâmico, nem que para isso componentes do motor fossem deslocados ou alterados. E foi mesmo isso que aconteceu. O depósito do tanque de óleo foi mudado para uma zona mais traseira, para permitir o avanço do motor e como tal conseguir ter um extractor de ar traseiro mais eficiente. Além disso foram pedidos radiadores mais pequenos nem que para isso se diminuísse na potência do motor. E foi isso que aconteceu. Todos estes pedidos fizeram que o motor debitasse menos potência do que o desejável, o que tornou o carro muito bom em curvas rápidas mas sem o "estômago" suficiente para correr atrás dos adversários em linha recta. Além disso, está combinação revelou-se pouco proveitosa quando o carro está com menos combustível e como tal mais leve. Ou seja, a Ferrari tem um carro bom mas sem potência para fazer frente aos Mercedes. É no fundo um problema parecido aos Red Bull, que no entanto já conseguiram melhorar e contrário aos Williams, que apostaram na velocidade em vez do apoio aerodinâmico com os resultados que se podem ver.


foto: XPB Images
Já na McLaren, com motores Mercedes e sem preocupações nesse aspecto pois potência não lhes falta, apostou tudo na aerodinâmica também, essencialmente na parte traseira do carro. Por isso vimos aqueles braços de suspensão estranho no inicio do ano. E de facto o carro gerava muito apoio na traseira, o que em teoria seria o ideal para diminuir o efeito do maior binário do motor. Todo o desenho do carro foi feito para canalizar ar de forma ideal para a traseira do carro. Mas houve um "pormenor" que foi descurado... a frente do carro. Uma área sensível, onde a McLaren já vinha a pecar há vários anos. Já no ano passado o carro tinha falta de apoio na frente e foram várias as asas testadas. Este ano  o problema é o mesmo. O carro tem motor, tem apoio traseiro mas na frente está ainda "muito leve" e já se sabe que um formula em subviragem ( a frente a "fugir") torna-se logo pouco competitivo. Idealmente a ter um "defeito" que seja sobreviragem ( a traseira a "fugir"). A sub viragem é muito mais difícil de compensar pelos pilotos. E mudar os elementos do carro na frente é muito complicado pois mudar isso iria mudar todo o equilibro e seria pior a emenda que o soneto. Mais uma vez a McLaren falhou numa área onde estava a ficar para trás há vários anos. E daí Ron Dennis ter reformulado todo sector técnico da equipa. Falhar vezes sucessivas em alta competição paga-se caro.


foto: XPB Images
Com isto, as equipas sabem o que devem melhorar para  o próximo ano. A Ferrari terá de dar mais cabedal ao motor para ser mais competitiva e a McLaren, para além de ficar à espera de uma boa surpresa por parte da Honda, com um motor potente e fiável ( algo que ainda não está a ser conseguido pelos japoneses, pois os relatos indicam que a fiabilidade está a atingir um nível aceitável mas a potência e acima de tudo os consumos ainda não são os esperados), terá de finalmente produzir um carro eficiente a nível aerodinâmico, algo que não acontece há 2 anos. Para isso Pomodrou, o recém contratado provindo da Red Bull terá um papel importantíssimo a desempenhar.


Conseguirão ambas as equipas voltar a ser competitivas e desafiar a Mercedes? Tudo dependo do trabalho desenvolvido pelos engenheiros, mas as alterações nas estruturas quer de uma quer de outra equipa, prometem um futuro mais risonho que o presente. Assim esperam todos os fãs.


Fonte:

Sky Sports F1

Fábio Mendes

2 comentários:

  1. Ótimo post, Fábio!

    Creio que a queda da McLaren também tenha influência da Mercedes, pois os ingleses certamente não estão recebendo os motores com as últimas atualizações.

    Já a Ferrari priorizou a aerodinâmica do carro e deixou o motor em segundo plano. Um erro conforme bem descrito no seu texto.

    Também penso em fazer um post no meu blog sobre essas duas equipes que há tempos não conquistam nada.

    Abraço!

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  2. Obrigado Jobson.

    Foi um factor que não mencionei mas que faz todo o sentido. Sendo a Mercedes e a McLaren competidoras directas, não faz sentido a Mercedes dar as ultimas actualizações. Como tal a mudança para um fornecedor como a Honda, que trabalhará exclusivamente para a McLaren pelo menos para já, fará com que a equipa consiga ganhar vantagem. A verdade é que, na minha opinião pessoal, a parceria McLaren/Mercedes nunca foi muito proveitosa para a McLaren, com os motores Mercedes a falharam várias vezes. Basta ver a diferença com a parceria Red Bull/ Renault que apenas este ano deu problemas e que estão em vias de serem resolvidos.

    Um abraço.

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