quarta-feira, 4 de junho de 2014

A Grande Mentira: porque nem só a F1 tem hegemonia!

Muito se escreve e diz sobre a hegemonia da Mercedes (até este ano era da Red Bull) na F1. Uns dizem que mata a modalidade, outros que são os mais bem preparados e depois há aqueles que dizem que perde todo o interesse em ver Fórmula 1 quando ganham sempre os mesmos.
Enfadonho, seca ou desinteressante, são alguns dos adjectivos que utilizam para descrever a época de 2014 na disciplina rainha do automobilismo.
Nas próximas linhas, vamos tentar desmontar a ideia de que a superioridade de uma equipa e/ou piloto, nas modalidades motorizadas é uma mau indicador ou que retira espectacularidade às provas.

MotoGP
 
Marc Marquez foi o vencedor de 6 provas em…6 GP´s. Como? Sim, o espanhol da Repsol Honda, arrancou imparável na nova temporada e não deixou ninguém ganhar uma única prova. Ainda teve a companhia do colega de equipa em duas ou três provas, mas não se pode dizer que exista para já, um adversário à altura do campeão em título. Marquez tem 53 pontos de vantagem para o segundo classificado do campeonato, Valentino Rossi. O seu colega de equipa está actualmente em 3º lugar da tabela, a apenas 1 ponto de Rossi.
Conclusão: pelas imagens dos fãs no circuito de Mugello, antes do último GP, não nos parece que existam muitos que dizem que a modalidade esteja enfadonha por Marquez arrasar a concorrência. A maior multidão até apoia Rossi, mas rendem-se à evidente superioridade de Marc Marquez e da sua Honda, que por sinal está melhor preparada do que a Yamaha, a sua rival do ano passado.

WTCC
O campeonato da FIA de turismos não é o nosso campeonato preferido, nem por sombras, mesmo tendo dado um grande salto qualitativo da época passada para esta. A entrada da marca francesa, Citröen, foi muito bem vista pelos adeptos, mas com 10 mangas cumpridas no calendário (cada prova tem duas mangas) os franceses da Citröen apenas perderam um delas, ou seja, têm uma 90% de vitórias este ano. São 3 pilotos, todos muito bons mas nem todos com muita experiencia em turismos, como é o caso de Loeb, que nunca tinha competido nesta disciplina. Assim a Citröen consegue um domínio total, que nem a Honda parece ser capaz de evitar.Não se pode dizer que seja o campeonato mais entusiasmante do desporto motorizado e a Chevrolet tinha colocado os adversários à distancia no passado. Como tal isto das hegemonias no WTCC que foi feito para ser o mais equilibrado possivel também acontece.

WRC:

A história do ano passado parece repetir-se este ano. E no fundo não é muito diferente da história do passado recente. Um Sebastien que domina tudo e todos e uma Citröen que vencia sempre, que agora foi substituída pela Volkswagen que usa a mesma deixa. A espectacularidade do WRC compensa mas, se analisarmos bem, a par da F1 é a modalidade que há mais tempo tem tido um domínio absoluto e cuja competitividade desceu bastante desde os gloriosos finais do anos 90. A Ford nunca conseguiu fazer frente aos lideres, e agora a Hyundai parece querer baralhar um pouco as contas. Mas para já não passa de uma intensão pois os desempenhos ainda não permitem que isso seja uma realidade. 


F1:
O caso mais falado no que diz respeito à hegemonia. Como se provou nas ultimas linhas dizer que apenas a F1 é dada a domínios duradouros é falacioso. É certo que tivemos a McLaren, seguida da Williams, seguida da Ferrarri e por fim a Red Bull. Mas é algo que acontece recorrentemente e desde os anos 70 esse fenómeno acentuou-se. Dizer que a F1 perde espectacularidade com isso é injusto. É certo que este ano por exemplo as duvidas são: qual dos dois Merceces cruzará primeiro a linha da meta, ou se terminarão os dois a prova. Mas dizer que este campeonato é aborrecido é falso. As lutas entre a Mercedes estão a dar bom espectáculo e a luta pelo 3º lugar continua em aberto. Além disso temos a Force India e a Williams a chegarem-se à frente.

Estes são os exemplos mais claros do que se passa no desporto motorizado. Há muita gente boa mas há sempre alguém melhor ainda e que ganha um ascendente em relação aos outros. Quer seja nos pilotos ou nas equipas, há nos últimos anos uma tendência mais acentuada em que uma equipa ou piloto assuma a liderança de forma consecutiva sem que ninguém consiga atingir o mesmo nível. Significa isto que o desporto motorizado está pior? Não, muito pelo contrario está melhor. Os pilotos são melhores, os veículos são melhores, mas o que acontece é que num mundo tão especializado a tendência para encontrar um génio que tire partido de uma vantagem, é maior hoje em dia. Antigamente eram todos muito bons e o escelentes. Agora há os muito bons, os excelentes e os fora de série. E isso não retira a espectacularidade as modalidades. Será justo então apontar a F1 como o parente pobre da "espectacularidade"? Não. É certo que é preciso fazer ainda muito para a modalidade ser aquilo que pode ser mas por enquanto não está nada mau.

Aliás esta tendência para hegemonia não vem de agora. Sempre existiu e foi graças a isso que grandes nomes ficarão para a história. E são esses nomes que são agora relembrados com saudade. Assim como serão alguns nomes do presente relembrados no futuro.

fotos:
nomundodavelocidade.blogspot.com
beyondtheflag.com
vwvortex.com
hotnewsonline.org

Pedro e Fábio Mendes

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