sexta-feira, 9 de agosto de 2013

F1 – Ponto da situação a meio da temporada. Parte 1

Chegados à pausa de Verão da F1 e com meia época já decorrida interessa passar em revista as equipas e os pilotos para fazer o ponto de situação, dando notas de 0 a 10 a equipas e pilotos.

Red Bull ( Nota 9)
A equipa de Milton Keynes partia para o início desta época como uma das grandes favoritas e não deixou os créditos por mãos alheias. O RB9 é uma versão melhorada do já excelente RB8 do ano passado. O carro mantem o grande apoio aerodinâmico (o melhor carro neste aspecto) e fiabilidade, embora Vettel e Webber (mais o australiano) tenham sentido alguns dissabores. Pese a velocidade em recta não seja a melhor a velocidade em curva é brilhante o que na maioria das pista é um ponto a favor. Alem do mais a Red Bull lidera nos pits Stops mais rápidos detendo neste momento o record. A maquina funciona de forma irrepreensível em pista e nas boxes. Desenvolvimento notável de uma das mais novas equipas da F1.  

Vettel: tem sido dominador, como é hábito nos últimos 2 anos e está bem lançado para ganhar o 4º campeonato seguido. Tem estado sempre bem e as 4 vitórias são a prova disso. Apenas o abandono em Silverstone mancha esta primeira parte da época. Na Hungria mostrou que, embora já melhor que no passado, contínua a não se dar bem quando está pressionado. A traição a Webber na Malásia também marcará esta época. (Nota 8).

Webber: já vinha ficando farto da equipa olhar mais para Vettel do que para ele ( o que fazia sentido pois era e é o alemão que ia ganhando corridas. Para se ter a equipa do nosso lado e preciso conquistar engenheiros, mecânicos e Webber nunca o conseguiu sendo constantemente ofuscado por Seb) e o caso “Multi 21” terá sido a gota de água. A verdade é que as prestações do australiano têm variado entre o excelente e o medíocre.  Não dizemos que Webber é mau, muito pelo contrário, mas tem feito pouco para contrariar o domínio de Vettel na equipa e no campeonato, ele que (supostamente) tem um carro igual ao alemão (não será bem assim pois as afinações variam de piloto para piloto). Vamos ter saudades de Webbo, pelo seu caracter e postura fora de pista mas dentro de pista não é mais que um muito bom segundo piloto que traz pontos para a equipa. (Nota 6).


Mercedes (Nota 7)
Começaram a época como “outsiders” e as hipóteses de conquistar o campeonato eram muito reduzidas. No entanto um pódio na Malásia trazia optimismo à equipa. O carro é rápido e as 7 poles em 10 corridas atestam a velocidade dos “Silver Arrows”. Mas a incapacidade contrariar a elevada degradação dos pneus levou a equipa a perder muito terreno para o pelotão da frente. Deu-se o escândalo dos testes com a Pirelli em Barcelona e a punição no teste para jovens pilotos ( podia ter sido muito pior mas a marca alemã vai ganhando muito peso na F1 fruto do trabalho de Toto Wolf). A época tem sido atribulada para a equipa mas tem conseguido, passo a passo, melhorar a sua performance. E o GP da Hungria poderá ter sido o virar de uma página. O carro que já era rápido agora já consegue preservar mais os seus pneus e apresentar um ritmo de corrida aceitável. Hamilton venceu de forma brilhante e provavelmente assustou a Red Bull pois agora a Mercedes pode usar a fórmula de sucesso valeu 3 títulos de construtores e piloto à Red Bull. O “segredo” era ter um carro rápido em curva embora perdendo velocidade em recta, de forma a privilegiar as qualificações. Ficando na frente do grid é mais fácil gerir a corrida. Foi isso que a Red Bull tem feito até agora com um carro essencialmente talhado para qualificação mas equilibrado o suficiente para não comprometer em corrida. Mas a Mercedes com os 7 poles conquistadas, tem estragado os planos a Vettel e companhia. E agora que os Mercedes parecem já saber poupar pneus podem  tornar-se um caso sério para o resto da época. Ross Brawn já disse que se a equipa sentir que este ano tiverem hipóteses de lutar verdadeiramente pelo titulo, que não se importam de apostar tudo, mesmo que isso implique menor investimento em 2014.

Hamilton: começou de forma tímida e foi beneficiado em detrimento de Rosberg na Malásia. A nível psicológico notava-se que o britânico procurava referências, num mundo completamente diferente do que era a McLaren, sua casa desde pequeno. Em algumas corridas deu a ideia de não saber lidar com o facto de o carro não poder dar ainda o suficiente para lutar por lugares na frente. Mas o carro foi melhorando e Hamilton foi melhorando também e agora já é o Lewis que consegue voltas espantosas. Poderá sonhar com o título. É arriscado pensar assim pois o carro só agora começou a dar sinais de poder lutar por mais mas uma coisa é certa. Será uma ameaça bem real para os outros candidatos. (Nota 8)

Rosberg: O episódio da Malásia dava indicações que já havia hierarquia na equipa e que ele teria de ficar mais uma vez com o papel de 2º piloto. Mas o alemão não desanimou e arregaçou as mangas. Conseguiu com isso poles e vitórias (Mónaco e Grã Bretanha)com desempenhos muito sólidos. Mas o regresso do verdadeiro Hamilton traz uma realidade incontestável. O britânico é melhor piloto que o alemão e mais tarde ou mais cedo Rosberg terá de voltar a fazer de jogador de equipa. Não queremos dizer com isto que Rosberg é fraco. Nada disso. O alemão é rápido, consistente e fiável mas falta-lhe aquele talento extra que separa os grandes pilotos dos bons pilotos. E ele não tem isso. (Nota 7)

Ferrari: (Nota 6)
Se achavam que o prémio de desilusão do ano já estava entregue a Mclaren (falaremos sobre isso) se calhar será melhor esperar um pouco mais. A Scuderia já não faz um carro que lute taco a taco pelos lugares da frente há alguns anos a esta parte e tem vivido essencialmente do talento dos seus pilotos (Alonso neste caso). O ano passado com um carro que não era de topo, conseguiu lutar até ao final pelo título de pilotos. Este ano tinha de ser o ano para apostar forte na vitória, pois 2014 será uma incógnita para toda a gente. E o início foi auspicioso. Os testes davam bons números e os primeiros GP confirmavam que a Ferrari ia ter um carro “a sério”. Mas ao longo destas 10 corridas a forma da Scuderia foi baixando para níveis preocupantes. A verdade é que Alonso ainda está na luta pelo título e mesmo o título de construtores não está perdido. Mas as ultimas exibições tem trazido apenas interrogações e incertezas. O chefe de equipa, Domenicalli anda a dar na cabeça aos mecânicos e engenheiros ele que já teve de ouvir de Montezmolo que o andamento que tem apresentado não é aceitável e que tem de melhorar e entrar de novo na luta a sério. O desenvolvimento do carro tem disso um pesadelo para engenheiros que não conseguem encontrar forma de tornar o carro outra vez mais rápido. A não ser que as férias, que para os lados de Maranelo devem ser bem curtas, tragam inspiração e soluções, vai ser complicado para a Ferrari manter-se no grupo da frente. 

Alonso: A Ferrari bem pode agradecer ( outra vez) ao espanhol que tem sido o salvador da pátria. Mantendo a forma brilhante do ano passado, o asturiano adapta-se como ninguém a todas as situações. Se no início, quando dominavam e eram rápidos, Alonso era senhorial, agora que tem de lutar com outras armas, o rendimento do espanhol não varia muito. Está sempre na luta pelo máximo de pontos possível. Deve ser de facto frustrante não poder lutar de igual para igual com Vettel. Se assim fosse achamos que o alemão não seria o vencedor como é habitualmente. Podemos não gostar da sua postura, mas Alonso é sem duvida um piloto brutal. É verdade que houve um par de corridas que não esteve bem ao seu nível (Mónaco por exemplo) mas a verdade é que continua na luta, enfrentando adversários e dificuldades como ninguém. É mais uma vez candidato ao prémio “coragem”. (Nota 8)

Massa: Mais uma vez chega a esta altura com a corda ao pescoço. O brasileiro que nos inícios das épocas consegue sempre mostrar que vem “fresco” e que irá finalmente partir para uma época conseguida, acaba sempre por desiludir. Acidentes e saídas de pista sucessivos, desempenhos abaixo do esperado, e algum azar à mistura. Já conseguiu um pódio e tem acabado nos lugares pontuáveis mas isso não chega. É bom jogador de equipa e pouco mais. Parece-nos que está na porta de saída da Scuderia. 2014 traz carros novos e será a altura ideal para incluir outro piloto que traga algo mais que o brasileiro. Hulkenberg e Di Resta parecem estar na calha, sem esquecer o jovem Bianchi.  A não ser que consiga desempenhos espantosos até ao final e que convença a Scuderia a mante-lo. Mas não estamos à espera que isso aconteça. (Nota 5)

Lotus: ( Nota 8)
Outro outsider que tem dado nas vistas e feito pela vida. A equipa já vinha subindo de forma desde o ano passado e este ano conseguiu de novo um carro bem equilibrado e com potencial. Estão em 4º lugar do campeonato de construtores, com a Ferrari logo ali ao lado e com um orçamento bem mais baixo. 1 Vitória e 8 pódios mostram que a equipa, embora sem as armas dos grandes vai, lutando e aguentando firme. As últimas notícias não são animadoras, pois fala-se em falta de dinheiro, com a Genii que detém a equipa a passar por maus momentos. Diz-se que o investimento para o carro deste ano está feito e não haverá mais melhorias. Ou seja “desenrasquem-se como puderem a partir de agora”. A confirmar-se é triste que isso aconteça pois pelo que mostraram até agora, teriam capacidade de lutar até ao fim com os grandes. Ganhar seria sempre difícil mas estar na luta já seria bom. Se o dinheiro acabou (Raikkonen já se queixou que não recebeu ainda o ordenado e que a situação já ocorreu no ano passado, embora a equipa já tenha desmentido) é bem possível que vejamos a equipa entrar em modo gestão e não fazer os brilharetes que tem feito até agora, pois equipas como Red Bull, Mercedes e Ferrari não param de alterar e tentar novas soluções melhorando assim os carros. 

Raikkonen: A par de Alonso e Hamilton, o grande piloto do momento e o grande destaque desta época. Já o dissemos num post anterior que o Iceman está numa forma brilhante e que é graças a ele que a Lotus pode (ou podia) sonhar com algo mais. E é tremendamente injusto para ele que o carro não evolua mais e que não lhe dê hipóteses de lutar pelo título. E assim sendo a mudança para a Red Bull começa a desenhar-se como inevitável. Mas os desempenhos do finlandês têm sido nada menos que brilhantes. Excelente na gestão dos pneus e dos ritmos de corrida. Ataca quando deve, defende como ninguém. Já elogiamos Kimi por tudo que fez e representa no paddock. Há certamente curiosidade para saber como vai ser a época daqui para a frente. Terá ainda uma réstia de hipóteses de lutar pelo título? ( Nota 9)


Grosjean: o estranho caso de Romain Grosjean. Poderia dar um filme. O francês tem talento. É rápido e destemido. Consegue voltas impressionantes. Mas ao mesmo tempo comete erros infantis, tem acidentes que são quase inexplicáveis e coloca-se em situações que chegam a roçar o embaraçoso. Tem tudo para conseguir brilhar na F1, mas enquanto não conseguir ultrapassar os momentos de desconcentração e de agressividade desmesurada, não deixará a fama de “caceteiro” que até os seus colegas de profissão lhe atribuem. É provável que a pressão possa fazer mossa no francês mas esse aspecto terá de ser trabalhado. Muitos dariam o dedo mindinho para ter a capacidade que ele tem de fazer voltas rápidas. Se não melhorar até ao final deste ano poderá passar um mau bocado para se manter na F1. (Nota 6)



Em breve a analise às equipas e pilotos do meio da tabela.


Fábio Mendes

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